O Debaseamento da Moeda Fiduciária

Da Thinkfn

Tal como dito no artigo As Teses e as Tendências, vamos começar a explorar as diversas Teses em funcionamento no mercado, bem como as emergentes que eventualmente consigamos identificar. Primeiro, vamos começar pelas que são óbvias pois têm já anos de funcionamento. Por serem tão óbvias, não vamos tentar demasiado achar oportunidades de investimento dentro delas, uma vez que corríamos o risco de entrar no comboio demasiado tarde.


A Tese do Debaseamento da Moeda Fiduciária

O combate às possíveis recessões simultâneas na Europa, EUA e Japão nos últimos anos levou a quedas de taxas de juro a níveis impensáveis, cerca de 1% nos EUA (entretanto já começaram a subir), 2% na Europa e 0% no Japão.

Perante estes níveis de taxa de juro, o recurso à dívida principalmente nos EUA, deu-se de uma forma furiosa, propulsionando os agregados monetários, e criando Bolhas nas mais diversas classes de activos, desde as acções, ao Imobiliário, às Obrigações.

A criação exponencial de dívida, e portanto de moeda, leva teoricamente a uma perda do valor da mesma. Ao seu “debasement”. No fundo, ao deixar a sua massa monetária crescer descontroladamente, uma nação está a deixar com que cada unidade monetária tenha um valor cada vez menor.

Quando se vê esta corrida a nível mundial (além dos 3 blocos referenciados, ainda há a notar que existem muitas outras moedas indexadas ao Dólar como o Yuan chinês), o que acontece é que todas as moedas tendem a perder valor face aos activos físicos que podem comprar. Daí, ver-se uma corrida para novos máximos plurianuais de tudo o que é commodity, nomeadamente do Ouro, Prata, Cobre, Aço, Alumínio, Petróleo, etc, etc.

Na minha opinião, porém, esta tese já está em funcionamento há demasiado tempo, e o mais provável é que vejamos um abrandamento da concessão de crédito e da expansão monetária, o que tenderia a tornar falsa a Tese. O facto de as taxas de juro já terem começado a subir nos EUA também joga contra a Tese (pois propicia o abrandamento do endividamento).

Assim, os menos avessos ao risco poderão querer especular na subida continuada das commodities sabendo que esta é uma das razões para essa subida. Eu não o faria, apenas porque a prazo as commodities tendem a ser maus investimentos, e no caso presente já subiram quase todas muito consideravelmente nos últimos anos, como se pode ver no gráfico abaixo, que representa um índice de commodities composto (CRB):

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Autor

Incognitus, em 11/10/2004


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