OPEC - Do poder real ao poder aparente

Da Thinkfn

right A máquina destruidora das energias alternativas, que era a OPEC e seus aliados (as multinacionais do petróleo) – gripou, ao fim de 34 anos…

Pela primeira vez o mercado fica indiferente às suas decisões, o crescimento económico pouco difere.


O que mudou em três décadas?

1. O meu carro consome metade e tem mais 50% de potência. Claro que não é só o meu carro: são os aviões, os navios, os geradores das centrais eléctricas, os aparelhos de ar condicionado, as caldeiras de aquecimento, os computadores, etc. etc.. – o peso da factura energética no PIB da Europa e EEUU passou para menos de metade.

2. Esta descida, além da eficácia dos motores, deve-se à transformação gradual das nossas economias, de Industriais em Serviços.

3. O desenvolvimento da Zona RIC (Rússia, Índia e China) absorve a diminuição do consumo no 1º Mundo e, recentemente, ultrapassou-a: as duas últimas vão importar 5 milhões de barris por dia e aumentar 1 milhão por ano, o que dá 10 milhões em 2010 – e ainda demorarão entre 20 e 30 anos a entrar no clube das 10 economias mais desenvolvidas! Isto evitará uma quebra de preço por excesso de oferta.

4. Do lado da produção os países não-OPEC têm a capacidade estabilizada, alguns a diminuir. Apenas Angola a pode aumentar significativamente quando a formação Kizomba extrair em pleno e o Azerbaijan dentro de alguns anos com o projecto do pipeline BTC.


O que virá a seguir?

1. Com o fim do controle da OPEC sobre a economia das energias alternativas, estas vão desenvolver-se a um ritmo vertiginoso.

2. Uma nova geração de Centrais Nucleares vai surgir (mais de 60 já estão em fase de projecto para construção nos próximos 10 anos). Desde as falhas de Chernobyl e Three Mile Island a evolução tecnológica foi enorme e os níveis de segurança nada têm a ver com os de há 20 anos. O desmantelamento dos arsenais nucleares deu origem ao Isaiah Project: 100 ogivas dão para o arranque de cada central e 2000 para a sua vida útil. Combustível abundante, barato e socialmente louvável.

3. Os geradores eólicos são rentáveis cada vez com menos intensidade de vento, as fuel-cells mais eficientes, os geradores a partir das o­ndas e marés mais económicos e fáceis de instalar, o bio-gás a ser aceite por cada vez mais associações de agricultores.

Tudo isto somado não retirará, tão cedo, a primazia do petróleo como a grande fonte de energia mundial, mas irá acelerar a quota de mercado das energias alternativas na factura energética global.


Autor

Fogueiro, em 19/3/2005

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