Nomenclatura dos grandes números

Da Thinkfn

Existem normas diferentes para os nomes dos números grandes, sendo que as diferentes normas usam o mesmo nome para designar números diferentes. Por exemplo, um «bilião» em Portugal ou o «billion» usado no Reino Unido há décadas atrás, é mil vezes maior do que um «bilion» nos Estados Unidos, ou do que o uso actual (legal) de um «billion» no reino Unido, ou do que um «bilhão» em português do Brasil. Entre os portugueses e ingleses nota-se a adopção por alguns cidadãos ou meios de comunicação social da outra norma, que não a legalmente em vigor no seu país.

Este facto cria ambiguidades indesejáveis na comunicação, que deve ser sobretudo sempre clara independentemente das preferências de cada indivíduo. Ser-se claro nesta questão, não implica adoptar-se uma das normas e segui-la à risca ou obrigar outros a seguirem a nossa, porque para qualquer leitor presente ou futuro o termo «bilião» escrito aqui hoje há-de ser sempre âmbiguo. Ser-se claro implica desambiguar os nomes usados, em si mesmos, ao escrevê-los, sempre que são usados e sempre que sejam âmbiguos, independentemente da norma que se segue.

Contexto histórico

Antigamente, em Portugal a nomenclatura dos grandes números seguia a «regra 3n» (short scale). De acordo com essa regra, havia uma nova designação por cada três novos zeros acrescentados a um número. Um bilião era mil milhões e um trilião mil biliões.<ref name=folha>((pt)) Paulo Correia (Primavera 2005). Em torno do bilião (A Folha, nº18) pgs. 14-16. Consultado a 2007-11-15.</ref>

Face à existência de diferentes sistemas a nível internacional, a IX Conferência Geral dos Pesos e Medidas, reunida em 1948, aconselhou a adopção da «regra 6n» (long scale) nos países europeus, alinhando pelo sistema britânico de então. De acordo com essa regra, há uma nova designação sempre que se acrescentam mais seis zeros a um número. Ou seja, um bilião é um milhão de milhões e um trilião um milhão de biliões.

Entretanto, há várias décadas os próprios britânicos alteraram o seu sistema para a «regra 3n», sendo hoje seguido o sistema americano pelo governo britânico, a BBC e outros meios de comunicação social. No entanto, este sistema não é uniformemente aceite e ainda ocorre o uso da «regra 6n» entre os britânicos.<ref>((pt)) Wikipedia. Long and Short Scales. Consultado a 2007-11-15.</ref>

A norma portuguesa NP18 (1960) «Nomenclatura dos Grandes Números» consagrou a recomendação de adopção da «regra 6n».<ref>((pt)) UE. Código de Redacção Interinstitucional, 10.9.1. Emprego dos algarismos árabes. Consultado a 2007-11-15.</ref> O Código de Redacção Interinstitucional (CRI), usado nas instituições europeias para redacções em português, segue a norma portuguesa.<ref name=folha/>

Está convencionado que, para facilidade de leitura, os algarismos dos grandes números se organizam em grupos de três algarismos. Quer a norma quer o CRI utilizam um espaço e não um ponto para separar esses grupos, por exemplo 10 000. No entanto, em texto corrido, quando um número tem apenas quatro algarismos, pode não se empregar qualquer espaço como, por exemplo, 2007.<ref name=folha/>

Desambiguação

Uma forma não âmbigua e universalmente compreendida de designar a ordem de magnitude de um número, é expressá-la na forma de uma potência matemática (notação científica), por exemplo 103 para milhares ou 106 para milhões. Esta forma representa o mesmo número para todos os habitantes da terra (que são a nossa preocupação de momento). É por isso que temos aqui a veleidade de sugerir a adopção da forma matemática, universalmente aceite, de desambiguar a magnitude dos números grandes.

Por exemplo, 1 trilião (1018) de EUR (Portugal, regra 6n) é o mesmo que 1 quintilhão (1018) de EUR (Brasil, regra 3n), que é o mesmo que 1 trillion (1018) de EUR (Inglaterra, regra 6n, caído em desuso), que é o mesmo que 1 quintillion (1018) de EUR (EUA, regra 3n), que é o mesmo que 1 000 000 000 000 000 000 de EUR.

A ambiguidade na designação dos números surge a partir do número 1 bilião, para ambas as normas. Quer isto dizer que a designação «mil milhões» nunca é ambígua. É, aliás, uma forma vulgarmente usada para se tentar desambiguar o termo «bilião» -- se no mesmo texto em que surge o termo «bilião» surgirem também os termos «mil milhões» ou «mil biliões» é provável, embora não seja certo, que o autor esteja a usar a regra 6n.

De forma geral, a desambiguação aqui sugerida traduz-se então no seguinte:

Valor (EUA) Regra 3n
(short scale)
Regra 3n
Desambiguada
Regra 6n
(long scale)
Regra 6n
Desambiguada
one um um um um
thousand mil mil mil mil
1 million 1 milhão 1 milhão 1 milhão 1 milhão
1 billion 1 bilião 1 bilião (109) 1000 milhões 1000 milhões
1 trillion 1 trilião 1 trilião (1012) 1 bilião 1 bilião (1012)
1 quatrillion 1 quatrilião 1 quatrilião (1015) 1000 biliões 1000 biliões (1015)
1 quintillion 1 quintilião 1 quintilião (1018) 1 trilião 1 trilião (1018)

Referências

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