Moral hazard

Da Thinkfn

O moral hazard, em português risco moral, é um conceito presente em qualquer acordo entre duas (ou mais) partes, que corresponde à alteração do comportamento por uma (ou mais) das partes, de forma contrária ao que seria de esperar no acordo conseguido e no sentido de obter uma vantagem/beneficio.

Quando o acordo pressupõe determinadas condições que cobrem ou desresponsabilizam o comportamento de uma (ou mais) das partes presentes no acordo quando perante determinadas circunstâncias ou ocorrências, o risco moral esta presente na medida em que a(s) parte(s) coberta(s)/desresponsabilizada(s) do seu comportamento, actua(m) contrariamente à diligência e cuidado que seria de esperar com o estabelecido acordo, porque tal actuação contrária traduz na obtenção de uma vantagem ou benéfico.

Exemplos

A crise financeira que rebentou em 2008, teve como causa, essencialmente, o risco moral, na medida em que quem concedia crédito, apesar de se esperar que fosse diligente e cuidadoso quanto à sua atribuição, acabava por não o ser pois o risco de o conceder estava coberto pelo tomador desse crédito. Ou seja, quem concedia crédito, como não fica responsável pelo seu não cumprimento, tinha tendência a agir contrariamente ao comportamento diligente que dele era esperado na concessão do mesmo, pois obtinha um maior benéfico em conceder crédito mesmo a quem não tinha condições para o obter.

Em Maio de 2010, vários membros da Zona Euro decidiram criar um mega-fundo de 750 mil milhões de euros (que conta com a participação do Fundo Monetário Internacional), que previa a aplicação dos recursos do fundo directamente no mercado no sentido de o estabilizar e impedir a queda do Euro e o aumento do custo (e risco) da dívida que estava praticamente a colapsar vários países membros da União Europeia, nomeadamente Portugal. Esta tipo de intervenção visava criar um género de protecção para as económicas e para o próprio sistema financeiro, nomeadamente os grandes bancos também eles em dificuldades e que já tinham também mostrado o interesse em participar em qualquer ajuda necessária para o resgate da economia e do sistema financeiro. No entanto, apesar do acordo firmado e de ser do interesse do sistema financeiro que o risco (custo) da dívida não aumentasse, vários rumores davam conta que eram os próprios bancos que estavam apostar contra o Euro (vendo euros contra outras moedas) e no default da dívida soberana de vários países, constituindo esta atitude naquilo que muitos apelidaram de global moral hazard.

O mesmo se passa com uma pessoa ou entidade que faça um seguro contra um qualquer acidente ou incidente, que pode começar agir de forma contrária ao que cuidado que devia ter para evitar o acidente ou incidente, porque esse descuido se traduz numa vantagem. Ou seja, alguém que faça um seguro que cobre o risco de acidente, pode deixar de se preocupar com esse risco.

O risco moral é também conhecido quando um trabalhador de uma empresa age contrariamente ao que seria esperado em termos de ética, diligencia e fidelidade para com a empresa que trabalha, quando tal lhe traz uma vantagem.

Um outro exemplo ainda é o caso de um trabalhador que deixa de produzir o que seria esperado porque esta protegido por um contrato de trabalho ou lei que não penaliza o seu fraco desempenho.