Bolha de crédito

Da Thinkfn

Alguns analistas <ref> "Credit Bubble Bulletin", Doug Noland </ref> <ref> Biografia resumida, Stephen Roach </ref> <ref>"United States Housing Bubble", Wikipedia </ref> <ref>"The Liquidity Puzzle", Robert Shiller </ref> indicam a possibilidade de as economias ocidentais viverem hoje numa "Bolha de Crédito".

Uma "Bolha" forma-se num mercado quando a única coisa que sustenta a progressão do mercado é a entrada de novos participantes, num esquema em pirâmide natural. Visto que o número de participantes possível é finito, todas as bolhas possuem um final previsível ainda que geralmente seja difícil de estabelecer o seu timing.

A razão pela qual se pode falar da existência de uma bolha de crédito, prende-se com 2 características desta que também a tornam análoga a uma pirâmide natural:

  1. Por um lado, os rácios de endividamento (rendimento/dívida) e de serviço da dívida são crescentes. Uma situação que é insustentável a prazo.
  2. Por outro, os termos necessários para captar novos devedores deterioraram-se fortemente (visto que cada vez existem menos devedores potenciais com capacidade de endividamento). Assim, ao longo do tempo assistiu-se na maioria dos países desenvolvidos Ocidentais a termos cada vez mais facilitistas (prazos mais longos, até 50 anos; "interest only" - período em que só se pagam juros, "opções de pagamento" - o devedor escolhe o montante a pagar mensalmente; "teaser rates" - taxas promocionais durante um certo período; financiamentos a 100%; "stated income" - O devedor indica sem provar, o seu rendimento).

Ao facilitar a tomada de dívida, por um lado esta bolha de crédito diminui o incumprimento ao facilitar o refinanciamento ("a rolling loan gathers no loss", uma dívida refinanciada não incumpre). Por outro, como os critérios são piores e os rácios de endividamento mais elevados, o risco de incumprimento da dívida aumenta substancialmente.

Um mecanismo que permitiu a atribuição de crédito de qualidade cada vez pior, foi a titularização e a criação de estruturados de crédito. Por um lado a titularização de créditos permitiu vender facilmente crédito, por outro a criação de estruturados permitiu transformar crédito de baixa qualidade quase totalmente em crédito de alta qualidade. Isto é conseguido pela divisão do estruturado em tranches, e pela atribuição das primeiras perdas às tranches mais baixas, o que eleva o rating (a qualidade) das restantes tranches. Adicionalmente a segurança das tranches pode ser aumentada pela "overcollaterization", pelo uso de seguros de crédito, e pela presença de uma tranche de "equity".

Também esse comportamento é análogo às pirâmides naturais ou esquemas de ponzi: estas funcionam extremamente bem (não produzem perdas) até ao momento em que deixam de funcionar e produzem todas as perdas num espaço curto de tempo. Este fenómeno já pode ser observado nos EUA, com o disparo do incumprimento de alguns segmentos de dívida (subprime), que dos níveis mais baixos da história passaram, em pouco mais de um ano, para níveis recorde.

Ver também

  • A bolha invisível, descrição do mecanismo de transformação de crédito e das suas consequências.
  • O poder dos incentivos, explica como todos as fases na cadeia de criação e venda de crédito ganhavam, tornando as suas acções racionais.
  • O modelo de originação, explica a alteração no modelo de originação, que aumentou a pressão para a concessão de crédito de uma forma exponencial

Referências

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