Flash order

Da Thinkfn

As flash orders ou flash trades são ordens executadas sobre um order book ainda não disponível para o público em geral.

Com o uso de hardware e software próprio para analisar e executar ordens em milésimas de segundo, os operadores/sistemas com acesso a este tipo de ordens, conseguem apurar rapidamente o tamanho e preço do order book de determinado activo. Sabendo o número de compradores e/ou vendedores interessados em negociar esse activo e o volume e preço desses negócios, os operadores/sistemas conseguem, em milésimas de segundo, montar uma arbitragem que consiste em antecipar a realização dessas ordens para algumas milésimas de segundo depois, as venderem/recomprarem (vender se antes tiverem comprado ou recomprarem se antes tiverem vendido a descoberto) a esses interessados. Ou seja, as flash orders consistem num front running onde o sistema compra/vende um activo baseado num order book que ainda não esta disponível ao público em geral, para o casar com o order book que milésimas de segundo depois vai entrar no mercado (o sistema/operador das flahs orders casa os seus negócios feitos antecipadamente, com os negócios que ele já sabia que iam entrar no mercado).

Arbitragem

Este tipo de ordens são consideradas arbitragem na medida em que o operador/sistema conhece o preço a que vai realizar as duas ordens (a de entrada e a de saída no negocio) e por isso pode faze-lo conhecendo e dominando as duas variáveis do negócio (a compra e a venda), ganhando com isso uma vantagem.

Dito de outra forma, o operador/sistema compra ou vende um determinado activo a um volume e preço que sabe que milésimas de segundo depois vai conseguir realizar com vantagem.

Estas ordens são consideradas front running, apesar de serem legais (devido a um vazio legal), porque antecipam uma intenção de compra/venda que o operador/sistema tem toda a certeza que se vai realizar. Como tal, esta prática pode ser considerada pouco transparente na formação dos preços de mercado e muito pouco equitativa em termos de oportunidades para todos os participantes no negócio.

Exemplo

Um investidor carrega uma ordem no mercado para comprar 100 mil acções da empresa XPTO até 10 Euros, quando a acção XPTO tem no mercado um total de 100 mil acções disponíveis para venda até 10 Euros a um custo médio de 9.55 Euros conforme se apresenta:

Order Book de venda:

  1. 10000 - 10
  2. 10000 - 9.9
  3. 10000 - 9.8
  4. 10000 - 9.7
  5. 10000 - 9.6
  6. 10000 - 9.5
  7. 10000 - 9.4
  8. 10000 - 9.3
  9. 10000 - 9.2
  10. 10000 - 9.1

O sistema de flash orders recebe, antecipadamente, a intenção de compra das 100 mil acções da empresa XPTO que o investidor pretende comprar ao preço máximo de 10 euros e, ainda antes que a ordem seja disponibilizada ao público em geral, o sistema analisa a disponibilidade do mercado para vender essas mesmas 100 mil acções. Concluindo que consegue comprar essas 100 mil acções a um custo médio mais baixo do que o preço que o investidor esta disposto a pagar por essas acções, o sistema rapidamente executa essas ordens, comprando as 100 mil acções a um custo médio de 9.55 Euros, ainda antes da ordem do investidor entrar no mercado. Quando a ordem do investidor entra no mercado, o sistema/operador vende as 100 mil acções que comprou antecipadamente, conseguindo um lucro de 0.45 Euros por acção.

Banimento das Flash Orders

Em Agosto de 2009 o banimento deste tipo de ordens começou a ser discutido, pois a evidência que, sendo o front running ilegal, este tipo de operações, que caem dentro dessa definição, também o deviam ser.

Um dos maiores críticos à pratica das flash orders foi o senador Charles Schumer que fez bastante pressão junto da SEC para que tal pratica fosse proibido. A presidente da SEC na altura, Mary Schapiro, recebeu bem a proposta de banimento das flash orders enviada pelo referido senador aquele regulador.

[em actualização]

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