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Comunidade de Traders / Re: Brasil / Bovespa - Tópico principal
« Última por Kaspov em Hoje às 23:06:50 »
Muito interessante, acerca de uma realidade brasileira pouco conhecida entre nós:

CdK |042| Pedro Pôncio (Ex MST), Expõe a Realidade do Movimento Sem Terra.

https://www.youtube.com/watch?v=EblElTdmbjk
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Uma notícia interessante:


«Iran's Oil Exports Climb to the Highest Level in 6 Years

Tyler Durden's Photo

by Tyler Durden

Thursday, Apr 18, 2024 - 06:45 PM


By Irina Slav of OilPrice.com

Crude oil exports from Iran hit the highest level in six years during the first quarter of the year, data from Vortexa cited by the Financial Times has shown.

The daily average over the period stood at 1.56 million barrels, almost all of which was sent to China, earning Tehran some $35 billion.

“The Iranians have mastered the art of sanctions circumvention,” Fernando Ferreira, head of geopolitical risk service at Rapidan Energy Group, told the FT. “If the Biden administration is really going to have an impact, it has to shift the focus to China.”

The news comes as the EU and the United States prepare new sanctions against Iran in a bid to convince Israel to not retaliate against Tehran after the latter’s drone and missile attack on Israeli military targets last weekend.

Iran’s oil industry would be the no-brainer target for new sanctions as suggested by U.S. Treasury Secretary Janet Yellen.

"Clearly, Iran is continuing to export some oil. There may be more that we could do. I don't want to preview our actual sanctions activities, but certainly, that remains in focus as a possible area that we could address," Yellen said earlier this week as quoted by Reuters.

Analysts, however, have told the FT that the Biden administration is reluctant to tighten the sanction noose too much as this would inevitably lead to an increase in oil prices that a president running for re-election cannot really afford in an election year.

That’s especially relevant in light of the fact that the federal government would hardly be able to repeat the SPR release from 2022 to tame prices at the pump as the reserve sits at the lowest level in 40 years after that 2022 release.

Also, any heavy-handed action against Iran’s oil exports would affect relations with China, which is virtually the only outlet for Iranian crude. That crude, according to the FT, covers a tenth of China’s total oil imports.»


https://www.zerohedge.com/markets/irans-oil-exports-climb-highest-level-6-years
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Uma conversa com mto int. acercas dos EV's:

Adam Rozencwajg: Will EVs Succeed? Efficiency, Emissions and a Potential Catalyst

Investing News

40,8 mil subscritores

https://www.youtube.com/watch?v=VToOlJst-oU
4
Off-Topic / Re: Alertas de saúde
« Última por Kaspov em Hoje às 18:30:19 »
Continuam os debates/apresentações parlamentares, com Andrew Bridgen, MP:

Outrageous

Dr. John Campbell

https://www.youtube.com/watch?v=kd99uVOMWEk
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Comunidade de Traders / Re: Portugal falido
« Última por vbm em Hoje às 07:43:59 »
Perpassei os olhos pela entrevista.
Interessante. No fundo, toda a vida,
se algo nos prende a atenção, subtrai-nos
a outras experiências, a gama potencial
de possibilidades, 'colapsa', determinada
na vivência real, na qual acabámos
por vincar um sentido.
6
Política e Economia Política / Re: Da Europa para o Globo
« Última por Reg em Hoje às 03:12:47 »
Hoje em dias a minoria no Líbano são os católicos, quase sempre fora do país. A maioria dentro do Líbano é muçulmana.



andaram europeus onu em GAZA,....sao islamicos


e esqueceram libano!


onde andam bandeiras libano!  tinha 50% catolicos....  o comunas europeus!




A coalizão mais forte do Líbano, portanto, engloba partidos xiitas, como o Hezbollah e a Amal, e cristãos, como a Frete Patriótica Nacional, do presidente Aoun. Já a coalizão opositora tem a participação de partidos sunitas, como o Futuro, do ex-premier Saad Hariri, e cristãos, como as Forças Libanesas, lideradas por Samir Geagea — o atual primeiro-ministro é o bilionário Najib Mikati, relativamente independente em um governo de união nacional. O Exército, por sua vez, ainda mantém um caráter não sectário, embora o comandante das Forças Armadas tenha de ser um cristão maronita.

Resumindo, são cristãos e xiitas de um lado contra sunitas e cristãos do outro, com um Exército legalista no meio. Mas essas são as alianças políticas.
7
Comunidade de Traders / Re: Portugal falido
« Última por Kaspov em Hoje às 02:55:44 »
Uma entrevista muito interessante a um professor:


«Cultura
António Carlos Cortez. ‘Estamos a formar alunos para a delinquência’

A cumprir 25 anos de poesia, fala-nos da sua tripla condição de poeta, crítico literário e professor. Sentiu cedo a vocação para o ensino mas hoje diz-se desencantado. ‘Uma escola que não coloque as humanidades no centro não é uma escola, é uma fábrica’.

José Cabrita Saraiva
31 de Março 2024

às
12:09

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António Carlos Cortez. ‘Estamos a formar alunos para a delinquência’

Miguel Silva

No pequeno escritório onde conversamos só há espaço para uma secretária e duas cadeiras, porque tudo o resto está preenchido por estantes com livros, alguns deles edições raras, todos visivelmente manuseados, lidos, marcados com post-its. Há mais na sala, no quarto e até na despensa. «Não tenho televisão, recuso», diz-nos António Carlos Cortez. «Não gosto de modas. Lembro-me sempre de uma frase de Leopardi: ‘A moda é a mãe da morte’. Não tenho carro, não tenho carta de condução. Não sou casado, não tenho filhos. Concebi a minha vida assim, dedicada ao ensino, à literatura, à investigação literária».

Licenciado em Estudos Portugueses, estreou-se há 25 anos na poesia. Terminou por estes dias a sua tese de doutoramento, sobre o Mal na obra do seu amigo Gastão Cruz, poeta e crítico falecido em 2022, e acaba de publicar pela D. Quixote Um Canto na Espessura dos Textos – Leituras da poesia de Nuno Júdice.

Mas o que nos traz a sua casa hoje, mais do que a sua obra como crítico, ensaísta ou poeta, é a sua experiência como professor do ensino secundário. Recorda que em vinte anos apenas mandou um aluno para a rua e explica como consegue fazer com que os jovens se interessem por Camões.

Podes falar-me um pouco sobre estes livros?

Isto é metade da minha biblioteca, o equivalente a 7000 livros. E depois tenho mais uns 7000 na casa do meu pai, em Alvalade. Como sabes, fui livreiro da Bertrand, fartei-me de comprar livros com 50% de desconto…

Esse foi o núcleo inicial?

Não. Esta biblioteca tem duas… três origens. Esta edição, vê lá [passa-nos para a mão Páginas de Doutrina Estética, de Fernando Pessoa, com seleção e organização de Jorge de Sena], encontrei-a na rua. Isto diz muito do país. É uma edição raríssima. O Bénard da Costa perdeu a dele e fez nos anos 90 um artigo onde pedia a quem a tivesse que o contactasse que ele pagava o que fosse preciso. Em 95/ 96 eu trabalhava como coordenador de ação social na Junta de Freguesia de Benfica e ligaram-me porque tinham despejado um caixote enorme de livros, na Avenida Gomes Pereira. Peguei em sacos e lá fui. Ao mesmo tempo, tive um querido professor que me ofereceu também vários livros ao longo do ensino secundário. E depois dá-se um caso muito curioso, que é como adquiri esta coleção da Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Queres contar?

Sou filho de pais separados e fui criado pelos meus padrinhos de baptismo. A minha madrinha Antónia, de quem tenho muitas saudades, nasceu em 1926, e trabalhou na indústria conserveira. Não teve estudos nenhuns, era analfabeta. O meu padrinho Armando nasceu em 1925, era um homem da Voz do Operário e tinha uma boa biblioteca na Calçada do Tojal, onde eu vivi. Sucede que nessa mesma rua havia a mercearia da Dona Rosa. Como era típico nas mercearias nos anos 70/ 80, tinha dois pisos: o rés-do-chão era o comércio, e depois tinha no piso subterrâneo uma zona com galinhas, coelhos que ela esfolava para vender, etc., e uma divisão para os almoços. Nessa divisão havia um móvel, a cobrir toda a parede, com a coleção da Imprensa Nacional, porque havia um senhor que morava na rua que trabalhava lá e levava os livros repetidos para a Dona Rosa. Quando fiz o meu 12.º ano e fui para a faculdade, a Dona Rosa ofereceu-me a coleção. Portanto fui apanhado entre três fogos: o meu padrinho Armando, que era um homem culto, a coleção da Imprensa Nacional da Dona Rosa, e a formação na escola, porque tive a sorte de ter esse professor, José de Almeida Moura, a quem devo muitíssimo.

A experiência na Bertrand do Chiado também foi importante para a tua formação?

Foi fundamental. Trabalhei com gente muito boa. Alguns livreiros, que vinham dos anos 60/70, ainda se lembravam de ver lá o Aquilino Ribeiro. Fui livreiro durante seis anos, fiz o meu curso a trabalhar e a estudar. Foi óptimo, até porque não havia computadores e nós tínhamos de saber tudo de cor. A organização da Bertrand do Chiado, tal como está hoje, de certo modo foi a equipa com quem eu trabalhava que a fez. E tive a sorte de trabalhar também com o Eduardo Boavida, grande editor e livreiro, com quem aprendi muitíssimo. Ele percebia muito de livros e ouvia os livreiros que considerava que tinham sensibilidade para o livro. Isto enquanto estás a fazer um curso em Letras… Quando os meus colegas iam de fim de semana à sexta-feira, eu ia para a Bertrand do Chiado trabalhar até domingo. E foi muito bom.

Nota-se bem que estes teus livros foram lidos, estão cheios de marcas.

Tenho muitos defeitos, mas há um a que consegui escapar: gosto de trabalhar e de estar muitas horas a ler. E depois tive a sorte de me dar com uma geração de poetas a que à partida a nossa geração já não teria acesso. Fui amigo do António Ramos Rosa, por exemplo.

Como o conheceste?

Através da professora Paula Cristina Costa, que me perguntou um dia se eu gostaria de o conhecer. E se havia poeta que eu andava a ler nessa altura era o António Ramos Rosa. Tornámo-nos amigos, visitava-o com frequência, e ele em 2005 convidou-me para organizar um livro seu e para fazer um posfácio, o que para mim foi um marco. Depois a amizade com o Gastão Cruz e com outros poetas – o António Osório, o Nuno Júdice, a Ana Marques Gastão e a mais antiga de todas, com a Lídia Jorge.

Gastão Cruz é o tema da tua tese de doutoramento, que terminaste agora.

‘Figurações do Mal em Gastão Cruz’. Entreguei para revisão científica. Foram dois anos intensos de leitura mas escrevo sobre a poesia dele há mais de 15.

O facto de o teres conhecido dá-te um conhecimento mais íntimo da obra dele?

Dá, mas justamente por ser muito amigo dele tive dificuldade em arrancar para uma leitura distanciada e mais fria. Já com essa distância, posso dizer que é o poeta que melhor leu o nosso tempo, e que melhor leu a questão do trágico, do mal, do desespero e da morte nos últimos 40 anos. É um poeta de poemas breves, lapidares. Um pouco como Camões, consegue chegar a grandes sínteses existenciais. Tenho muitos versos dele na minha cabeça. Até isso acho que aprendi com o Gastão. Ele sabia muita poesia de cor e fez-me saber muita poesia de cor.

Tens mantido sempre a relação com a Academia desde que terminaste a licenciatura?

Fui mantendo. Porque também devo muito à universidade. E creio que a universidade portuguesa, ao nível da investigação, faz um trabalho extraordinário, com revistas, com sites, congressos, colóquios. Como professor, isso é fundamental. Fechar-me só no ensino, não ter um pé na cultura, não ter um pé na literatura, nas artes, para mim nunca fez muito sentido.

Tens experiência como professor tanto no ensino público como no privado. É muito diferente?

Tenho para mim que a formação de professores é extremamente pobre em Portugal. A classe docente…

Sai mal preparada?

Mal preparada, com poucas leituras, e vai exercer a profissão, muitas vezes, de forma meramente instrumental.

De forma burocrática?

Cumprir um horário de trabalho, dizer umas coisas, cumprir aspetos burocráticos e ter o ordenado ao fim do mês. A minha concepção de professor é completamente diferente – até por ter sentido a minha vocação de professor muito cedo, com 13, 14 anos. Apesar de algum desencanto que se abateu sobre mim nos últimos cinco anos, continuo fiel a essa ideia de que o professor, seja em que área for, tem de ser, por um lado, um leitor compulsivo, para poder dar aulas em que todos os saberes se podem integrar, e, por outro lado, alguém disponível para a investigação e para a descoberta de outras artes.

Esse desencanto resulta de algum acontecimento concreto?

Não. Resulta do congelamento das carreiras, dos salários baixos numa profissão que deveria chamar os melhores, da indisciplina geral dos alunos, do desinteresse manifesto de uma geração nascida já em tempo de digitalização, das consequências negativas da pandemia, a somar ao ambiente muitas vezes de delação, de perseguição, de controle…

Entre professores?

Tudo isso concorre para que haja um desencanto geral da maioria dos professores em Portugal. Desencanto e abandono. Estamos a hipotecar seriamente o nosso quotidiano para os próximos anos. Temos cada vez mais sinais de violência, desde logo nas escolas, e ninguém fala disto. Um ministro da Educação que se preze deveria ser alguém com conhecimento do país real.

Do que se passa nas escolas?

Ir às escolas sem aviso prévio, porque no dia em que vão fazer visitas às escolas está tudo bonito para receber o senhor ministro. O Robert Kennedy, em 68, fez visitas a bairros pobres de Nova Iorque e de outras cidades americanas, levando a imprensa atrás de si, porque se tratava, de facto, de mostrar o país real.

Quando falas de violência nas escolas referes-te a alguma coisa a que tenhas assistido?

Há um ambiente de ameaça permanente em relação aos professores. Conheço um pouco da realidade brasileira e há uns anos a minha editora de lá enviou-me alguns vídeos de como eram as aulas. Não é anarquia, é barbárie.

Mas isso no Brasil.

Nós estamos a caminhar para aí.

Quando dizes barbárie eram alunos em cima das mesas, a agredir professores…?

A completa ausência de disciplina, de saber estar, de querer saber, de envolvimento pedagógico. Vou falar de um exemplo óbvio. Será que as pessoas não se lembram do caso da Escola Carolina Michaëlis, no Porto, da aluna que se dirige à professora, tratando-a por tu? ‘Dá-me o telemóvel!’ e vem todo um rol de ofensas. Não se lembram?

Os telemóveis na escola são um problema?

A minha experiência de 20 anos foi sempre boa. Fosse por ordem da escola, fosse por os alunos saberem que eu não pactuo com isso, o telemóvel nunca foi problema. Mas tenho ido a muitas escolas onde não há a lucidez para proibir o telemóvel.

Ou a coragem…

A lucidez e a coragem. Estamos a falar de verdadeira dependência. De toxicodependência, porque aquilo é uma droga. E enquanto os sucessivos ministros insistirem na ideia de que a tecnologia, o digital, o computador, é que vai pôr as crianças e os jovens a escrever e a ler e a terem curiosidade, nós estamos simplesmente a mentir. A mentir-nos, mentir aos pais e, sobretudo, a mentir aos alunos.

É a própria escola que exige que os alunos trabalhem com o computador, é a escola que convida o ladrão para dentro de casa.

Isso tem de ser denunciado. Estive há um bocado em Colares num auditório com 50 alunos do oitavo ano. Logo ao início, disse-lhes: ‘Meus amigos, telemóveis não. E agora temos três hipóteses: ou isto vai correr bem, ou vai correr mais ou menos, ou corre mesmo mal. Eu quero que corra bem. E vou começar por uma afirmação. Estão-vos a roubar o futuro de cada vez que vos dizem que ser adolescente é ser mal comportado e ter uma ideia de liberdade que é o ‘eu quero, posso e mando’. Estão-vos a roubar a cultura e a imaginação’. Ouviram calados e no fim falámos, foi muito bom. Vou lá voltar.

Mas muitos professores não têm essa autoridade e perdem o controlo completo das turmas.

Muitas das pessoas que estão hoje no ensino – claro que também acontece noutras profissões – jamais se perguntaram: ‘O que é que eu gosto de fazer?’. Portanto vivem vidas infernais. O professor é a âncora da turma, é ele que faz com que os alunos se interessem ou se desinteressem. Faz com que haja disciplina ou com que aquilo seja uma rebaldaria. E está ali também para ouvir, para perceber as frustrações, os abismos de cada aluno.

Com turmas de 30 alunos é complicado ter essa abordagem individualizada.

Por isso é que a literatura é tão importante. Porque fala da condição humana. Quando eles leem Camões ou Cesário Verde, ou pensam sobre o problema da educação romântica n’Os Maias, que faz com que o Pedro da Maia se suicide, que faz com que o Carlos se envolva com a irmã, e responda ao Ega que não se arrepende de nada, nem mesmo de ser o causador da morte do avô Afonso, é aí que a literatura chega a 30, 40, 50 alunos. Porque joga com símbolos, joga com o enigma, joga com as grandes questões da condição humana. Só que a literatura, a história, a arte foram postas de parte. Está aí o resultado.

Ensinaste Camões?

Muito. Fiz Estudos Camonianos com o professor António Martins, estou permanentemente ligado a Camões.

Essa dupla condição de poeta e professor é-te útil para fazer com que os alunos gostem de Camões?

Espero que sim. Até por gostar daquelas formas fixas – o soneto, a redondilha… gosto muito de trabalhar isso.

Quando ensinas Camões sentes que os alunos se interessam? Não é algo demasiado distante?

Ninguém é bom juiz em causa própria, mas gostam.

Mais da lírica ou d’Os Lusíadas também?

Há um lado simbólico n’Os Lusíadas que é preciso dar a conhecer. Que viagem é aquela que o Gama faz à Índia? É uma viagem iniciática do sujeito à procura de si mesmo. Por que razão ele enfrenta o Adamastor no canto V? É um tópico da literatura clássica, o tópico da catábase, da descida aos infernos. O herói, a meio da vida, enfrenta o seu Adamastor. Quando lemos as estrofes e desmontamos a engenharia frásica de Camões, e relacionamos com esta ideia de iniciação, eles gostam muito. Camões é inesgotável. E as reflexões no Canto VII, estrofes 78 a 87, deviam ser lidas em todas as escolas.

Do que tratam?

É uma nova proposição, onde diz quem não vai cantar. Não vai cantar os que servem os seus apetites esquecendo o bem público; não vai cantar os que só usam as leis e as regras para explorar o povo; não vai cantar aqueles que, com mão rapina e escassa, exploram o povo e os trabalhos alheios que eles não passam. É, no fundo, o catálogo de injustiças sociais que nós estamos a viver hoje.

E há tempo para o professor dar esses conteúdos?

Eu sempre tive tempo. É uma questão de método. Os primeiros 45, 40 minutos, têm de ser de grande capacidade expositiva. E depois há uma segunda metade da aula em que eles têm de fazer coisas muito clássicas: ler, escrever, fazer cópia, ditar respostas. Mas a maioria escolhe o caminho mais fácil. Seguir manuais, que são um convite à preguiça e a aulas sempre desinteressantes. É pôr toda a gente no rolo compressor. Por isso é que os alunos, e com razão, dizem não gostar da escola. Eu tenho pena.

O que eu noto é que os miúdos estão muito tempo na escola e mas depois não sabem coisas elementares.

Porque as sucessivas reformas estigmatizaram, por um lado, a ideia do professor como alguém que sabe expor matérias, e, por outro, técnicas antigas de redação de texto. Compare-se o exame nacional de Português de 1997, que tem apenas duas perguntas, com a enxurrada de perguntas para mentecaptos dos exames nacionais dos últimos dez anos. O que temos hoje? Alunos que saem do 12.º ano, não sabem escrever, não leram nada, mas têm médias de 18, 19, 17. Estamos a mentir.

Encontra-se grandes calinadas nos testes?

Vi coisas em exame nacional impressionantes. Mas não fixei. Até porque acho que esses erros grosseiros são, no fundo, o espelho do péssimo ensino que há em Portugal. Insisto nesta ideia: uma escola que não coloque as humanidades e as artes de novo no centro do processo educativo não é uma escola, é uma fábrica. E continuaremos a ter alunos que são pouco menos que delinquentes. Estamos a formar para a delinquência.

A poesia e a docência são atividades que exerces de forma independente ou contaminam-se?

Há uma linhagem, por assim dizer, do professor que também é crítico, poeta, ensaísta, que é alguém que escreve, que pensa, que gosta de livros. E eu inscrevo-me nessa tradição. Vinte e cinco anos depois de me ter estreado na poesia e 23 anos depois de começar a fazer permanentemente crítica e ensaio, essa tripla condição de alguém que dá aulas, escreve poesia e escreve sobre a poesia dos outros é o que dá sentido e energia a um quotidiano difícil. Nunca ninguém em Portugal, salvo exceções, viveu dos seus livros. Eu não vivo dos meus livros. Mas também não sei se queria, porque gosto muito de ser professor.»


https://sol.sapo.pt/2024/03/31/antonio-carlos-cortez-estamos-a-formar-alunos-para-a-delinquencia/
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Política e Economia Política / Re: Da Europa para o Globo
« Última por Reg em Hoje às 02:33:32 »
Ironicamente, os próprios solicitantes de asilo em Israel, que agora somam aproximadamente 60 mil, participam da construção do muro e de sua infraestrutura. A maioria deles chegou ao Estado judeu através do egípcio deserto do Sinai. “Sinto como se fizesse algo contra mim”, confessou Mohammad Anur Adam, um refugiado de Darfur de 29 anos, que passou oito meses construindo uma estrada que o exército e a polícia israelenses usarão para patrulhar o muro. “Não há trabalho, por isso faço isso”, explicou Adam à IPS, em sua casa em Eilat, a cidade mais ao sul de Israel, a poucos quilômetros da fronteira egípcia.


Segundo o historiador israelense Ilan Pappé, essa mentalidade “de fortaleza” não é nova, e é produto do pensamento sionista da primeira hora. “O primeiro impulso sionista, e depois israelense, não era ser parte do Oriente Médio, mas pertencer à Europa”


Derrubar as muralhas reais e imaginárias é algo que só poderá ser feito quando Israel, que absurdamente é a potência militar mais forte da região, for suficientemente valente para abandonar alguns de seus privilégios e ser um Estado mais igualitário e aceitar que é parte do Oriente Médio, de seus problemas e suas soluções




Em junho, as autoridades israelenses terminaram de construir um muro de sete metros de altura separando o país do Líbano



O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão defendeu os grupos de "resistência" palestinianos e libaneses contra Israel, em particular o Hezbollah xiita libanês, e disse que se não fossem estes grupos "não teria havido Líbano".


Pelo menos 80 por cento das escolas católicas no Líbano estão em vias de fechar e não conseguirão reabrir no próximo ano letivo “devido a dificuldades económicas e à negligência do Estado”, alertou o padre Boutros Azar, responsável pelo Secretariado Geral das Escolas Católicas Libanesas, numa carta endereçada ao Presidente da República daquele país, Michel Aoun.



muro no libano...quer dizer problema nao e de israel....


mas de catolicos e xitas...  e ser um Estado mais igualitário e aceitar que é parte do Oriente Médio, de seus problemas e suas soluções.... o europeus!
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Off-Topic / Re: Criei uma marca de roupa e uma coleção muito gira
« Última por Kaspov em 2024-04-17 23:37:00 »
Sim! E a rapariga loura tb não parece ser menos interessante!   :D
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Off-Topic / Re: Criei uma marca de roupa e uma coleção muito gira
« Última por vbm em 2024-04-17 22:19:39 »
Da coleção "Dolce Vita" da "Sprezzatura", marca e coleção que criei, aqui ficam algumas das muitas peças disponíveis para venda:

                                   Belíssima vespa!

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