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Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3438565 vezes)

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #17360 em: 2019-02-11 00:05:21 »
Essa questão do Privados.... se não têm cuidado perdem a favor do Publico.

Exemplo, fiz uma pequena cirurgia num hospital privado... e já fiz uma maior no Público... diferença abismal.

Se tudo correr bem...não volto, pelo menos aquele Hospital.
Passo a explicar:

- Muito tempo de espera (mais de 45m) antes da cirurgia e nunca veio alguém ter comigo já na zona de entrada..
- depois da cirurgia,  depois de estar no recobro... disseram, já pode ir para enfermaria...esperei aproximadamente 40m ... disseram: somente temos uma pessoa... e há muitos a sair...
- a semana passada infetaram-me os pontos intradérmicos... razão: os usados era dos genéricos... e como sei... sei...não posso dizer aqui.

conclusão:
todos os meus amigos que me pedirem uma opinião, direi para não ir lá... que experimentem outro.
falta de pessoal... produtos baratos... etc... foi a ideia com que fiquei...
Penso que se deve poupar, mas com "Conta, peso e medida"... somente pensar no lucro, nestes casos.. dão problemas

E já para não falar em dois casos que vieram nos Jornais de um outro Privado... em que quem estava em acumulação... deveria estar cansada e não contou tudo bem... e porquê? Neste caso, queria fazer acumulação, porque no Público o dinheiro que precisava não chegava...

porque fui eu ao Privado:
rapidez...
Mas na próxima experimento outro Hospital. Esperando não precisar...
eu até poderia fazer no público, mas  teria de pedir uma cunha, como sei que há gente à espera que não tem possibilidade de fazer no privado, decidi não pedir a "cunha", porque precisava, por uma questão de gestão de trabalho e tempo de permanência em casa.
---
aliás, já fiz o mesmo a um exame que no Público, mesmo os casos urgentes, estavam à espera 3 meses... e fui com a minha mãe ao privado.. aqui um exame que anda à volta dos 300 euros. Um outro exame que não demorava tanto tempo, fez no Público. Ela é acompanhada pelo Público.

Nem digo outras coisas que se passam no Privado, pelo menos num que conheço e tenho alguém...bem preciso na cirurgia... e por uma questão de ética, não deixou que determinada cirurgia avançasse...claro que teve problemas e a acumulação foi ao ar... mas ela tb não precisa muito e arranjou logo no dia seguinte acumulação noutro...esperando que não a "obriguem" a algo..

Não é que estas coisas não aconteçam no Público, mas por exemplo, uma familiar que em meados de Janeiro, teve ser operada de urgência... quando eu soube que lhe tinham colocado um penso ...com o nome favos de mel...
andei à procura... e fiquei admirado ... é que era especial este penso, tinha o famoso mel de Manuka lá pelo meio do Penso... não devem ser nada baratos... claro que a cirurgia foi profunda e complexa...e ainda por cima em alguém com 80 anos, mas...fiquei admirado.

Mas com tanto "pupular" de hospitais Privados... não sei o que vai dar.
Aliás, há uma médica, que no caso que reportei, diz que só opera com fio da marca (porque já sabe dos casos) e já disse que se não for assim vai embora da acumulação... mas o meu, que por sinal, é bom de "mãos" não liga... mas outros sujeitam-se.. porque precisam...

Assim, Público ... Privado... como controlar estas coisas...? Nada fácil!!!!

Agora no caso da Educação, o Privado ganha (agora há alguns anos, porque antigamente não era assim) porque, apesar de ter em muitos casos (conheço muito bem), professores de menor qualidade cientifica... têm meios e sistemas de trabalho melhores que no Público. Infelizmente os Sindicatos aqui deram cabo do Público. Os professores no privado trabalham mais para ter quase o mesmo ordenado que no Público, mas o sistema e apoios são melhores que no Público e ainda por cima, melhor "matéria prima".

Espero que o SNS não caia
boa contribuição. os privados parecem melhores mas depois...é tudo barato... porque o objectivo do patrão é faturar. é a natureza do privado. não querem saber das pessoas nem das curas, querem saber do lucro.
Reparem na EDP - privada mas temos a luz mais cara da Europa. Se tudo virasse privado, os privados entendiam-se para extrair o mais possível do consumdor . como acontece com gas e combustíveis.
Estes libertários radicais do fórum são uns líricos.

O que torna a electricidade cara não é o facto de alguma coisa ser privada, e sim uma série de custos de opções políticas que foram metidos na conta, mais um IVA elevado.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Portugal falido
« Responder #17361 em: 2019-02-11 00:18:02 »
Opiniao - Diogo Cabrita
Medico - Chuc e professor Universidade Coimbra

PArtilho aqui a sua opiniao por ser relevante para o debate aqui neste forum:

Opinião – A greve e a construção da mentira

As greves são realmente um problema para as populações e nos países miseráveis para os trabalhadores que não recebem pela participação na luta. Os nossos sindicalistas nunca geriram processos de construção financeira que lhes desse a força de pagar o tempo que exigem de greve aos seus associados. Preferem comprar sedes sumptuosas, gastar em reuniões em hotéis de cinco estrela e em facturação de despesas.

A greve dos enfermeiros é uma inovação e um ponto de viragem na luta sindical portuguesa. Ao utilizar uma plataforma livre, transparente e aberta de financiamento conseguiram pagar aos trabalhadores em greve o tempo de paragem. Isto faz história para o movimento sindical e dói ao PCP e ao Bloco ver como as greves podem ultrapassar as suas máquinas anquilosadas de luta.

Não os vi tristes nem insultuosos nas greves do porto de Lisboa que durou mais de um ano e fez Portugal perder milhões de euros de negócios. Não estiveram contra a loucura da Autoeuropa. O problema deles hoje é que há dirigentes dos enfermeiros que são do PSD e a greve está estruturada e pensada de forma irrepreensível. Como chegamos à Requisição Civil?

Primeiro prometeram licenciaturas às classes profissionais que estavam nos politécnicos. Depois prometeram salários muito maiores para as suas carreiras entretanto aceites. Os politécnicos mostraram elevado rigor e indiscutível exigência no cumprimento das fórmulas legais e actuaram com brilho no palco que lhes foi dado. Bragança já brilha acima de várias Universidades. Então quem não cumpriu? Os partidos que apoiaram e fizeram Bolonha; os Governos que não remuneraram o que prometeram em relação as expectativas que criaram. Está montada a revolta quando um enfermeiro de 40 anos recebe menos que outro formado depois, e quando o seu salário dificilmente tem quatro dígitos mesmo com horas extra e noites a rodos.

Veio depois a discussão do direito à Saúde e desta coisa da lista de espera que nasce da greve dos enfermeiros. A lista é enorme e já existe e foi construída por desinvestimento na Saúde e desde a ascensão ao estrelato de Correia de Campos e da sua estranha Escola de fazer Ministros e administradores. A construção em prol de teorias de poupança não comprovadas, exigências tontas, redução de responsabilidade das chefias, ausência de fiscalização honesta dos resultados, construção de incentivos diferentes para trabalhos semelhantes, construção de modelos sucessivos não avaliados: como Hospitais EPE, Hospitais SA , depois PPP veio enlouquecer a estrutura da saúde. A política devia ter evitado usar o palco dos direitos básicos como luta partidária.

Os CRI que deram salários principescos, as horas extraordinárias que ajudaram a fazer altos vencimentos, a diferença do valor hora para trabalhos iguais, tudo isto não trouxe saúde aos espaços que deviam tratar doentes. Mais recente está o exemplo dos Centros Hospitalares construídos sobre joelhos da Escola Nacional de Saúde Pública e que redundou num desvario para exames complementares, para unidades cirúrgicas, para estadiamento de doentes. Gente sem senso governa a despropósito das suas divagações emotivas. É isto que temos hoje na saúde. Não houve avaliação de nenhumas medidas tomadas: nem a exclusividade, nem a entrega de unidades à Misericórdia, nem a forma como a misericórdia gere Instituições de saúde, nem o impacto dos cuidados continuados, nem as consequências na sociedade das medidas sobre medicamentos.

A medicina baseada na evidência é destruída por uma necessidade de reorganizar para poupar tostões que se vão usar no resgate de bancos e em adiar crimes sem processo e sem consequência das finanças onde estão centenas destes heróis que andaram a destruir o serviço nacional de saúde. As mentiras estão agora no discurso falso, que as televisões repetem na sua infinita ignorância, que tem montras como Cristina Ferreira, Goucha, jornalistas instagram, e peixeiros serventuários de partidos com salários milionários.

s doentes urgentes são os que se operam de urgência e não houve greve de enfermeiros às urgências. Uma das mentiras. Os doentes de oncologia (vulgo cancro) não são urgentes e bem pelo contrário, são orientados num calvário de consultas, de estadiamento e exames de preparação que os faz angustiar e todos conhecem. É ciência, mas faz a segunda mentira.

Quando são marcados para operar os enfermeiros estão lá e estão disponíveis e empenhados. Não houve greve a estes. Há doentes que alguns “patrons” sem senso acham que devem ser operados e portanto odeiam os enfermeiros em greve e então surgem discussões pontuais. Isto não faz direito, nem constrói justiça. A emoção e deve estar no seu lugar próprio, tal como a vaidade e a estupidez. Outra mentira. O financiamento dos enfermeiros não foi feito por nenhuns hospitais privados a quem o Estado deve serviços contratados desde 2017.

A verdade envergonharia a Ministra. Um milhão para a Misericórdia da Mealhada, Um milhão e meio para a Clínica da Sophia. Mais uma das mentiras. Note-se que o que paga o estado pelo serviço de redução de listas de espera aos privados é menos 30% do que lhe custa in-muros. O Estado exige uma ginástica financeira aos privados que quase constrói risco para os doentes. Exige de forma enferrujada, sem óleo, aquilo que não consegue poupar no SNS.

A mentira está pois no arrozal com os ratos do campo e os lagostins. Tudo a morder as pernas do trabalhador descalço. Eu contribui para dezenas de actividades culturais e científicas da plataforma de crowdfunding. Também paguei mais de 130 euros para a greve revolucionária dos enfermeiros e estaria de greve se os médicos se tivessem solidarizado. Bem hajam pela coragem demonstrada contra o pântano da mentira.

https://www.asbeiras.pt/2019/02/opiniao-a-greve-e-a-construcao-da-mentira/?fbclid=IwAR2E_htDd2AC3kjxpHiXEzhczFGztm7Xkih1YKY3k08l8mGr7JFeCSz_-Jw

Um texto muito pertinente e muito corajoso. Obrigado pela partilha.
'Não existe empreendimento mais custoso do que querer precipitar o curso calculado do tempo. Evitemos portanto dever-lhe juros.'
in: Aforismos sobre a Sabedoria de Vida, Arthur Schopenhauer

"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche

"O ar quando não é poluído, é condicionado."
in: Jô Soares (conhecido humorista brasileiro)

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Re: Portugal falido
« Responder #17362 em: 2019-02-11 06:16:43 »
O segundo parágrafo do texto começa com uma afirmação que eu há dois dias pensei exactamente.
Impressionante para mim a coincidência temporal, na medida em que alguém tornou o pensamento público.

Acredito que esse médico da Universidade de Coimbra - Diogo Cabrita - pensou-o primeiro que eu.
É irrelevante quem pensou primeiro ou pensou depois, o que interessa é que ele o expôs publicamente e eu não.

Certamente mais pessoas também o pensaram e não o escreveram. Certamente outros até o pensaram antes dele o pensar...
Como disse e repito, é irrelevante, o importante e relevante é quem agiu e materializou o pensamento pela escrita no espaço público.



"A greve dos enfermeiros é uma inovação e um ponto de viragem na luta sindical portuguesa."



Primeiro
A ideia [do "Crowdfunding"] não é pertença dos enfermeiros: já existia previamente.

Crowdfunding
https://en.wikipedia.org/wiki/Crowdfunding
https://pt.wikipedia.org/wiki/Financiamento_coletivo

Segundo
A inovação dos enfermeiros está no direccionamento da ideia [do "Crowdfunding"],
o que significa um novo paradigma na luta de interesses.

Terceiro
O direccionamento da ideia descoberto pelos enfermeiros já incomodou o sindicalismo e os partidos afectos ao sindicalismo.
Esses partidos são essencialmente o Bloco de Esquerda, o PCP, os Verdes e o Partido Socialista.

Quarto
O potencial da inovação descoberto pelos enfermeiros é difícil de avaliar e pode estar ao nível de uma "arma de destruição maciça" dos sindicatos, da economia e do Estado. É provável que o Estado [leia-se: os partidos ligados ao sindicalismo] equacionem legislar no sentido de ilegalizar este direccionamento da ideia [do Crowdfunding] descoberto pelos enfermeiros... Mas não é garantida a eficácia da ilegalização.

Basta só imaginar o que acontece ao Orçamento de Estado se os agentes privados devidamente organizados - indivíduos e entidades - se socorrerem de métodos semelhantes por um mês, dois meses, três, cinco, sete meses... ou mais... para exigir por parte de quem nos Governa uma descida substancial dos impostos directos e indirectos e/ou a tal reforma do Estado que tarda em aparecer... Possivelmente o Estado e quase todas as suas estruturas colapsam em questão de poucos meses!

Há que tirar o chapéu aos enfermeiros pela inovação e pelo sentimento de angustia que certamente já estão a provocar em alguns...


   :)

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Re: Portugal falido
« Responder #17363 em: 2019-02-11 10:03:02 »
O apoio financeiro a uma greve é, obrigatoriamente, de divulgação pública dos seus financiadores.
Um "Crowdfunding" é, obrigatoriamente (penso eu), de natureza incógnita.

Um não liga com o outro...
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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Re: Portugal falido
« Responder #17364 em: 2019-02-11 10:17:02 »
Neste caso nao.
Neste crowdfunding há a permissa da restituição do dinheiro aos "financiadores" se nao houver greve.
Todas as transf bancarias tem um IBAN associado.
Nos depositos em dinheiro (serviços que se organizaram e fizeram colecta) ficou identificado quem fez o deposito e em que circunstancias.
Tornar publica a diviulgação de dadosnao é obrigatoria.
Agora as autoridades podem investigar sim, E DEVEM!

Como devem investigar a aparente fraude na manipulação dos serviços minimos pelos medicos.
O silencio da ordem dos medicos sobre este assunto.

Citar
"Durante a greve, até houve mais cirurgias." Garcia Pereira acusa Governo de manipulação contra enfermeiros

Citar
Na sua ótica, isto significa "remeter a definição de serviços mínimos para juízos subjetivos
 e de elevadíssimo grau de discriminação, ainda por cima da autoria de um grupo profissional que tem,
em grande parte, uma particular hostilidade para com esta luta", que são os médicos.

Vamos ver o que os sindicatos através do ADV Garcia Pereira vao fazer.
Aguardemos pelos proximos desenvolvimentos!
« Última modificação: 2019-02-11 10:23:23 por vifer »

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Re: Portugal falido
« Responder #17365 em: 2019-02-11 10:40:19 »
Adiar operações de doentes oncológicos é miserável e claramente um atentado à vida e aos serviços mínimos.
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Re: Portugal falido
« Responder #17366 em: 2019-02-11 10:59:29 »
Adiar operações de doentes oncológicos é miserável e claramente um atentado à vida e aos serviços mínimos.

È o teu achometro!

Citar
Os doentes de oncologia (vulgo cancro) não são urgentes e bem pelo contrário, são orientados num calvário de consultas, de estadiamento e exames de preparação que os faz angustiar e todos conhecem. É ciência, mas faz a segunda mentira.

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Re: Portugal falido
« Responder #17367 em: 2019-02-11 11:22:39 »
infelizmente não é "achómetro" nenhum, falo por diversas experiências próprias (de família).
É vergonhoso e apenas mais uma das mentiras divulgadas pela ordem dos enfermeiros e pelo seus sindicatos.

Aliás, uma das razões para a requisição civil foi o adiamento de operações prioritárias de oncologia.
« Última modificação: 2019-02-11 11:23:49 por Local »
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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fiodor

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Re: Portugal falido
« Responder #17368 em: 2019-02-11 11:40:48 »
Sim, inclusivamente em hospitais que NUNCA estiveram em greve :-\ :-\


fiodor

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Re: Portugal falido
« Responder #17369 em: 2019-02-11 11:48:35 »
É lamentável que a racionalidade não faça questionar o que verdadeiramente acontece dentro do SNS, todos os dias....

..."O SIGIC - Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia - E O AUMENTO DAS LISTAS DE ESPERA

Uma fatalidade do país ou um problema que interessa manter a todo o custo?

Toda a verdade que anda a ser escondida aos portugueses.

Muito recentemente, a propósito de um comentário meu relacionado com o aumento das listas de espera para cirurgia, alguém que inadvertidamente atingi com o mesmo, e reforço inadvertidamente já que tal intenção nunca esteve no horizonte do meu pensamento, julgando encontrar-me distraído, atirou com uma frase deliciosamente reveladora, desde logo pelo sarcasmo que encerra em si mesma. Não resisto a fazer-lhe pública referência, ou não fosse este um estilo literário que me agrada sobremaneira.
Numa tentativa, quanto a mim falhada, de atacar o meu comentário sem ter que assumir o confronto directo e a defesa do seu ponto de vista, socorre-se o autor de uma subtileza que, não me tendo passado despercebida, com alguma perspicácia da minha parte, admito, a qual não posso deixar de realça apesar do risco de imodéstia.

Afirma-se na citada frase simplesmente o seguinte:

"O SIGIC - alergia de muitos enfermeiros"

Chegados a este ponto, dirão alguns tratar-se de uma frase quase esvaziada de conteúdo e de uma pobreza extrema na parte que ao sentido da mesma se refere.
Foi também esta a minha primeira impressão, tenho que admitir sob pena de, não o fazendo, estar a abdicar daquela honestidade intelectual que sempre tento imprimir em tudo quanto vou escrevendo.
Já uma análise mais atenta acaba por conduzir a uma conclusão que é a exacta antítese daquela primeira, que desde logo rejeitei por se apresentar demasiado simplista a qual, no limite, só podia constitui-se ofensa ao autor.
E isto para dizer que a frase que tenho vindo a citar não só não é parca quanto ao seu conteúdo como é, outrossim, de uma riqueza semântica invejável.
Cabe aqui referir que concordo com o autor quanto ao conteúdo explícito. Não posso, contudo deixar de assumir um pensamento dissonante quando nos situamos ao nivel daquele que é seu o conteúdo implícito
Onde divergimos é, nesta conformidade, em relação áqueles que são os alérgicos, já que o alergeno esse sempre será o mesmo. O SIGIC, evidentemente.

Felizmente que a maior parte de nós tem a necessária clarividência para perceber que não é por esta via que a lista de espera para cirurgia vai algum dia ficar resolvida.
Antes pelo contrário, só está e continuará a agravar o problema.

As listas de espera para cirurgia, e isto a população portuguesa tem que saber, são uma construção da classe médica e servem sobretudo os interesses daqueles que se furtam ao cumprimento das suas obrigações nos serviços públicos, que deixam de efectuar as cirurgias nos blocos operatórios dos hospitais públicos para as realizarem na privada ou mesmo dentro da própria instituição, mas a um custo estrondosamente superior para os cofres do Estado, no programa SIGIC.

Interessa, pois, que as listas de espera continuem a aumentar, criando verdadeiros stocks de doentes, matéria prima que irá alimentar a fábrica privada, ou o programa SIGIC, onde se satisfaz a gula incessante de uma corte de cirurgiões e anestesistas. Sim, cirurgiões anestesistas, já que os enfermeiros ou não são pagos ou são pagos com trocos.

É evidente que , quando os que criam e promovem o aumento das listas de espera são os mesmos que serão principescamente pagos para supostamente as resolver, certo será que o problema só irá agravar-se.

A solução é bem outra. E consiste
precisamente em acabar com o programa, sem apelo nem agravo. Colocar os blocos operatórios do país a funcionar em pleno, e não durante escassas horas por dia, como se verifica em inúmeras situações, utilizando os recursos que também existem. É por esta via que as listas de espera hão-de ser resolvidas ao invés de continuarem a crescer, qual bola de neve, constituindo-se como o verdadeiro cancro do SNS, ao qual estão a ser aplicados apenas paliativos, numa lógica segundo a qual o que interessa não é a cura mas a manutenção da cronicidade.

Está na hora de exigir o cumprimento dos horários pelos médicos com vínculo às instituições do SNS, de impedir e punir aqueles que, lesando o interesse público, não produzem ou produzem pouco, para garantirem que o SIGIC continue a proporcionar um rendimento várias vezes superior ao salário normal.

Os portugueses, o que têm que saber, é que as listas de espera não são resultado, apenas, da Greve Cirúrgica dos Enfermeiros, são antes culpa da classe médica que as "inventou" e continua a manter, sem qualquer interesse em extingui--las, antes pelo contrário.

Diga-se, por fim, que alguns médicos que têm vindo a terreiro para denegrir a imagem dos Enfermeiros e da sua Bastonária, nomeadamente através da secção regional do norte da ordem dos médicos, não o fazem por preocupação com os doentes, mas antes porque a mina de ouro à qual se habituaram não funciona sem colaboração dos enfermeiros que, num gesto de solidariedade para com os colegas em greve, têm vindo a suspender a sua participação no SIGIC, assim diminuindo o rendimento dos senhores doutores.

Podem até sentir-se incomodados porque lhes estão a secar a fonte, não podem é fazê-lo recorrendo à mentira, lançando suspeições sobre os enfermeiros, no que à ética e à deontologia profissionais diz respeito.
Aliás, quando falamos de ética e deontologia profissionais, os enfermeiros são não só mestres como doutores e neste campo não recebem lições de ninguém, muito menos da classe médica que, seguramente, não é exemplo para ninguém.

Fernando Manuel dos Santos Dias,

Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica

Membro da Ordem dos Enfermeiros - Cédula Profissional 7677

Centro Hospitalar de Leiria - Unidade de Pombal"

 :-\ :-\
« Última modificação: 2019-02-11 11:49:23 por fiodor »

vifer

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Re: Portugal falido
« Responder #17370 em: 2019-02-11 11:51:48 »
Uiiii.
Se estes perdem o MEDO e poem a boca no trombone.
Vai ser bonito!!
 :o

vifer

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Re: Portugal falido
« Responder #17371 em: 2019-02-11 11:54:18 »
Em Espanha eleições antecipadas para 14 de Abril ? ?? ???
« Última modificação: 2019-02-11 11:56:29 por vifer »

pedferre

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Re: Portugal falido
« Responder #17372 em: 2019-02-11 12:04:18 »
Para variar um pouco do assunto dos hospitais... mais uma tentativa de "abaldalhar" o ensino público. :)

A forma como o BE propõe alterações ao sistema educativo é irresponsável e movida por uma visão ideológica que não encontra adesão nas evidências internacionais. É uma ameaça às políticas públicas.

Em debate parlamentar, o BE anunciou a sua intenção de extinguir os exames nacionais do 9.º ano – que qualifica de “anacronismo”. Poder-se-ia ignorar a ligeireza com que o BE “pensa” a educação, neste episódio associando erradamente os exames nacionais à retenção e exclusão social. Contudo, nos últimos anos, ficou provado que ignorar certos devaneios do BE não é um luxo a que nos possamos dar. Porque, fazendo parte da geringonça, o BE já evidenciou o seu poder de influência, por vezes até em confronto com a posição inicial do governo – como aconteceu na redução do valor máximo das propinas, que por pressão do BE passou de não-assunto a facto consumado. E porque, vale a pena lembrar, a extinção das provas finais do 4.º ano aconteceu por iniciativa legislativa do BE, aprovada com efeitos imediatos na primeira manhã de vida do actual governo e da geringonça – deixando um vazio na avaliação externa e lançando o caos em pleno ano lectivo 2015/2016.

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Re: Portugal falido
« Responder #17373 em: 2019-02-11 13:20:31 »
Sim, inclusivamente em hospitais que NUNCA estiveram em greve :-\ :-\
E... É uma mentira... Tal como as veiculadas por alguns enfermeiros...
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

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Re: Portugal falido
« Responder #17374 em: 2019-02-11 13:22:27 »
Para variar um pouco do assunto dos hospitais... mais uma tentativa de "abaldalhar" o ensino público. :)

A forma como o BE propõe alterações ao sistema educativo é irresponsável e movida por uma visão ideológica que não encontra adesão nas evidências internacionais. É uma ameaça às políticas públicas.

Em debate parlamentar, o BE anunciou a sua intenção de extinguir os exames nacionais do 9.º ano – que qualifica de “anacronismo”. Poder-se-ia ignorar a ligeireza com que o BE “pensa” a educação, neste episódio associando erradamente os exames nacionais à retenção e exclusão social. Contudo, nos últimos anos, ficou provado que ignorar certos devaneios do BE não é um luxo a que nos possamos dar. Porque, fazendo parte da geringonça, o BE já evidenciou o seu poder de influência, por vezes até em confronto com a posição inicial do governo – como aconteceu na redução do valor máximo das propinas, que por pressão do BE passou de não-assunto a facto consumado. E porque, vale a pena lembrar, a extinção das provas finais do 4.º ano aconteceu por iniciativa legislativa do BE, aprovada com efeitos imediatos na primeira manhã de vida do actual governo e da geringonça – deixando um vazio na avaliação externa e lançando o caos em pleno ano lectivo 2015/2016.
Do 9.º ano não sei, mas do 4.º ano é claro que foi uma boa medida. Há sistemas avançados que não têm avaliação nos primeiros anos (salvo erro 4 anos).
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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Re: Portugal falido
« Responder #17375 em: 2019-02-11 13:33:05 »
Sim, inclusivamente em hospitais que NUNCA estiveram em greve :-\ :-\
E... É uma mentira... Tal como as veiculadas por alguns enfermeiros...

Nomeadamente......

Desafio o a ir um bloco cirúrgico de um hospital público apartir das 15h/16h....para que possa assimilar a realidade hospitalar da tugolândia...
« Última modificação: 2019-02-11 13:36:23 por fiodor »

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Re: Portugal falido
« Responder #17376 em: 2019-02-11 13:37:04 »
Sim, inclusivamente em hospitais que NUNCA estiveram em greve :-\ :-\
E... É uma mentira... Tal como as veiculadas por alguns enfermeiros...

Nomeadamente......

Desafio o a ir um hospital público apartir das 15h/16h....para que possa assimilar a realidade hospitalar da tugolândia...
LOL Isso de desafiar quem não se conhece...
Só um pequeno episódio... Em Novembro a minha mulher partiu a rótula e foi internada num hospital público. Ficou quase uma semana internada e no dia anterior à cirurgia, sexta-feira, disseram-lhe não não seria operada no dia seguinte. No sábado tratei de tudo para a mudar para um hospital privado, mudou-se no Domingo e Segunda Feira foi operada.
P.S. Foi num hospital que não estava abrangido pela greve nem serviços mínimos.
« Última modificação: 2019-02-11 13:38:49 por Local »
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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fiodor

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Re: Portugal falido
« Responder #17377 em: 2019-02-11 13:59:23 »
Sim, inclusivamente em hospitais que NUNCA estiveram em greve :-\ :-\
E... É uma mentira... Tal como as veiculadas por alguns enfermeiros...

Nomeadamente......

Desafio o a ir um hospital público apartir das 15h/16h....para que possa assimilar a realidade hospitalar da tugolândia...
LOL Isso de desafiar quem não se conhece...
Só um pequeno episódio... Em Novembro a minha mulher partiu a rótula e foi internada num hospital público. Ficou quase uma semana internada e no dia anterior à cirurgia, sexta-feira, disseram-lhe não não seria operada no dia seguinte. No sábado tratei de tudo para a mudar para um hospital privado, mudou-se no Domingo e Segunda Feira foi operada.
P.S. Foi num hospital que não estava abrangido pela greve nem serviços mínimos.


Creio então que, aparentemente, não discordamos....de qualquer forma estar internada há espera "apenas" 1 semana de uma cirurgia ortopédica...muito honestamente está abaixo do tempo médio de espera dessa especialidade...

De qualquer forma, fico também muito satisfeito que tenha corrido tudo bem com a cirurgia no hospital privado....pk infelizmente quando não correm "bem"....voltam de INEM para o hospital público.... existindo sempre o cuidado, particular, de o INEM entrar pelos acessos secundários do hospital solicitante....

Independentemente das suas MUITAS ineficiências, na minha humilde opinião, quando os problemas de saúde são graves...o melhor mesmo é estar dentro do SNS...

vifer

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Re: Portugal falido
« Responder #17378 em: 2019-02-11 14:04:29 »

De qualquer forma, fico também muito satisfeito que tenha corrido tudo bem com a cirurgia no hospital privado....pk infelizmente quando não correm "bem"....voltam de INEM para o hospital público.... existindo sempre o cuidado, particular, de o INEM entrar pelos acessos secundários do hospital solicitante....

Independentemente das suas MUITAS ineficiências, na minha humilde opinião, quando os problemas de saúde são graves...o melhor mesmo é estar dentro do SNS...

Epá, nao sabia dessa, vou perguntar á minha prima que faz INEM e já confirmo isso, se é esse o "modus operandi".

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Re: Portugal falido
« Responder #17379 em: 2019-02-11 14:09:16 »
No mesmo hospital... A explicadora da minha filha ficou a saber que tinha um tumor de 12 cms na zona abdominal. Esteve 1 mês à espera que lhe fizessem qualquer coisa... É que nem uma biópsia...
Está agora a ser seguida no Santa Maria. Se não fosse assim ainda agora deveria estar à espera de algum tipo de intervenção.

Por outro lado, para não dizerem que só digo mal, o filho de um amigo meu partiu o fémur, foi operado e está a ser seguido nesse hospital e diz maravilhas da forma como foi e está a ser tratado. Foi por isso que a minha mulher aguentou 1 semana nesse hospital. Uma equipa que deveria ter 6 auxiliares apenas tinham 2 e sei que a equipa de enfermagem também não estava completa.

SNS só se for nas grandes cidades, como Lisboa, Porto ou Coimbra. Os outros hospitais estão a ser esvaziados de profissionais e valências.
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