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Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3443536 vezes)

Elder

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Re: Portugal falido
« Responder #12320 em: 2016-06-30 12:06:46 »
Elder, se morares na zona de Lisboa ou não muito longe, vê se isto pode ser usado no teu caso:
https://www.caad.org.pt/tributario

Sim, em princípio vou recorrer ao CAAD, mas a taxa de justiça é logo 750 euros iniciais.
Ouch. E devolvem se ganhares ?

Em princípio, sim. Mas os honorários do advogado já não.

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #12321 em: 2016-06-30 12:08:34 »
e no caad precisas mesmo de advogado ? ou és tu que não queres arriscar a ser tu a organizar o processo e correr mal ?

Elder

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Re: Portugal falido
« Responder #12322 em: 2016-06-30 12:20:50 »
Não sei se preciso ou não, mas não vou arriscar. Tenho um advogado de direito fiscal a ver isso. O lobby dos advogados é poderoso neste país.

pedferre

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Re: Portugal falido
« Responder #12323 em: 2016-06-30 12:21:26 »
e no caad precisas mesmo de advogado ? ou és tu que não queres arriscar a ser tu a organizar o processo e correr mal ?
Eu meti o meu caso de mais valias imobiliarias no caad e representei-me a mim próprio sem advogado, penso que para valeres mais baixos não é obrigatório advogado.

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #12324 em: 2016-06-30 12:23:02 »
e no caad precisas mesmo de advogado ? ou és tu que não queres arriscar a ser tu a organizar o processo e correr mal ?
Eu meti o meu caso de mais valias imobiliarias no caad e representei-me a mim próprio sem advogado, penso que para valeres mais baixos não é obrigatório advogado.
OK. Pagaste a taxa de justiça que o Elder referiu e entregaste a argumentação ? Eles ajudam nalguma coisa ?

pedferre

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Re: Portugal falido
« Responder #12325 em: 2016-06-30 12:27:54 »
e no caad precisas mesmo de advogado ? ou és tu que não queres arriscar a ser tu a organizar o processo e correr mal ?
Eu meti o meu caso de mais valias imobiliarias no caad e representei-me a mim próprio sem advogado, penso que para valeres mais baixos não é obrigatório advogado.
OK. Pagaste a taxa de justiça que o Elder referiu e entregaste a argumentação ? Eles ajudam nalguma coisa ?
Se fores lá (Duque de Loulé) um funcionário do caad (advogado) explica como deves proceder para fazer o pedido pela internet.
Depois carreguei no site do caad uma carta em que explicava a minha argumentação, paguei metade da taxa de justiça e anexei o comprovativo de pagamento (se bem me lembro), e meti também em anexo uns 10 ficheiros pdf com todos os documentos que tinha sobre o assunto digitalizados.
Demora em média 6 meses a darem uma decisão sobre o teu caso, e são advogados independentes (arbitros) que estão associados ao caad que julgam o teu caso.
« Última modificação: 2016-06-30 12:28:42 por pedferre »

Vanilla-Swap

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Re: Portugal falido
« Responder #12326 em: 2016-07-01 12:58:16 »

Deus Menor

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Re: Portugal falido
« Responder #12327 em: 2016-07-01 20:49:01 »
O Costa ainda vai dar muitas piruetas, e se for necessário até aceita governar com FMI... 8)

Vanilla-Swap

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Re: Portugal falido
« Responder #12328 em: 2016-07-02 12:32:03 »
Com tantas revogações das leis do anterior governo parece que passamos por um período de austeridade sem necessidade.

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #12329 em: 2016-07-02 12:51:21 »
Com tantas revogações das leis do anterior governo parece que passamos por um período de austeridade sem necessidade.

Só significa que não se aprendeu nada da primeira vez. O resultado, porém, é que existiu uma classe que ficou numa posição relativa superior. Isto com uma fatia de burros na população, que pagam essa posição superior, a aplaudir.

É estranho como não ficam felizes quando chegam à bomba de gasolina e os preços dos combustíveis deram um pulo, ou quando chegam ao supermercado e constatam o mesmo. É estranho, porque é exactamente o mesmo, por vias e travessas. Basicamente anda uma fatia grande da população feliz porque os outros lhes aumentaram os preços dos seus serviços, ainda por cima com carácter de lei para ter que comprar esses serviços.
« Última modificação: 2016-07-02 12:52:18 por Incognitus »
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Beruno

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Re: Portugal falido
« Responder #12330 em: 2016-07-02 12:54:33 »
E entretanto a divida aumentou 6 mil milhoes, e vao adiando os pagamentos aos fornecedores

Gama

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Re: Portugal falido
« Responder #12331 em: 2016-07-03 15:42:32 »
Segundo ouvi hoje, se o défice deste não for cumprido, o prometido, os Canadianos mando isto para o lixo. São somente este a mantermo-nos acima do lixo, não são?

Citar
“Os mercados tiveram uma reacção pouco expressiva. Não foi nada de especial. Importa recordar que a única razão pela qual Portugal continua a ter acesso a financiamento é porque há uma agência canadiana de rating, a DBRS, que ainda atribui a Portugal uma classificação que não é de lixo”, diz.

“Porque se não fosse a DBRS já não teríamos acesso a financiamento e teríamos de recorrer a novo resgate. O que o sr. Schaüble disse é a mera repetição destes dados. Não há nada de novo”, observa Álvaro Santos Almeida.
Rádio Renascença

Impossível
Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor.
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Re: Portugal falido
« Responder #12332 em: 2016-07-03 15:54:29 »
Interessante este artigo.

O Sr. Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha imperial e dirigente de um partido filiado no Partido Popular Europeu (PPE), disse anteontem num discurso que o nosso país talvez tivesse que pedir um segundo resgate.  Depois desdisse-se.  A nossa situação financeira impõe-nos um segundo resgate?  Teremos que pedir? Que quer ele com aquelas palavras ?
◾O 2º resgate impõe-se-nos? A nossa dívida externa total, pública e privada, deve rondar 4,5 e meia o PIB. A nossa dívida é insustentável e nunca será paga na íntegra aos seus valores reais. Estamos como estava o BANIF: vamos  pagando os juros e amortizando o que não conseguimos reciclar. Foram essas aliás as regras implícitas da troika. No essencial, estas regras são: Portugal paga os juros e amortiza parte da dívida e para isso recebe créditos do Banco Central Europeu (BCE) desde que respeite as imposições macroeconómicas primeiro da troika e hoje da Comissão de Bruxelas.  Há uns comentadores justiceiros que julgam ser possível esconder estas dívidas gigantescas. Os nossos credores sabem e jogam com elas.  O 2º resgate não se impõe hoje mais do que ontem mas, na atual estrutura financeira, está sempre ao virar da esquina. Apesar dos parabéns que a Imperadora Merkel nos deu  pelos nossos triunfos financeiros….
◾Se não respeitarmos os compromissos orçamentais com Bruxelas-Berlim, entraremos em rotura financeira. Como o leitor viu, condição de acesso ao BCE é respeitarmos os acordo com Bruxelas para reduzirmos o défice público.  Sucede que, apesar da execução orçamental ter até agora sido boa, é certo que não respeitaremos esses compromissos: do lado dos recursos, o PIB crescerá menos do que o previsto, inclusive pela própria Comissão Europeia (quando o Fundo Monetário Internacional (FMI) ontem baixou a previsão do crescimento do nosso PIB para uns míseros 1,1%, deu a machadada final no parlapié do Doutor Centeno) ; do lado dos compromissos, as regras de Basileia 4  e a crise da rendibilidade bancária exigem um acréscimo do défice do Estado (ou da dívida pública) incomportável com os nossos compromissos. A baixa do PIB face ao previsto  por si só implicaria a violação dos compromissos com Bruxelas-Berlim. Se violarmos os acordos com Bruxelas perdemos o crédito do BCE.Mais despesas tornam a situação explosiva a mais curto prazo.
◾António Costa e Mário Centeno dão sinais de não perceberem o que se passa. Pelo menos parecem estar a passar ao lado da relação tóxica entre a substância (a dimensão do nosso défice público) e a variação da conjuntura (as previsões de crescimento, a crise política europeia)Os dois grandes responsáveis governamentais na matéria continuam a fantasiar  A insistência do Sr. Primeiro Ministro em gastar mais cinco mil milhões de euros  (uns seis por cento do PIB) na CGD revelam que ele perdeu o contacto com a realidade financeira nacional. Veremos se ainda vão a tempo de perceberem ou se haverá mesmo um segundo resgate. Se não perceberem, talvez tenham que mudar de vida e o doutor Centeno não conseguirá por certo realizar o sonho  da sua meninice: ser diretor do Gabinete de Estudos do Banco de Portugal.
◾Que quer o Sr. Schäuble? Quer atrapalhar um governo socialista, hostil ao PPE, e quer dizer à Comissão Europeia: castigue Portugal, a Alemanha  apoiará esse castigo no Conselho de Ministros. Como o leitor sabe, está na fase final o processo de aplicação de multas a Portugal por não ter cumprido o acordado. O Sr. Schäuble, antes de voltar a iniciar o processo que nos leva à prébancarrota, quer ter a certeza que o Dr. Costa anda apenas a fazer-se de lucas com as previsões de crescimento mas acabará por lhe pagar o que lhe deve. Quando não, recomeçará a sua campanha para que regressemos à prébancarrota.

O Economista Português sugere ao leitor que não se inquiete excessivamente com estas ninharias: se tivermos que pedir um segundo resgate, o preço que pagaremos a uma nova baixa do nosso nível de vida; se não tivermos que pedir um segundo resgate, o preço que pagaremos é baixarmos o nosso nível de vida pois pagarmos mais impostos, e/ou diminuirmos os vencimentos dos funcionários públicos e de todas as pensões de todos os reformados dos regime gerais. Como Portugal já entrou em bancarrota três vezes desde o 25 de abril, mesmo que não peçamos um segundo resgate, continuaremos a ser uma economia de lixo, na classificação das agências de rating. Com efeito, devido a esta reputação secular, os juros da nossa dívida não baixam por termos  melhorado as nossas finanças mas por o BCE ter voltado a garantir-nos, porque respeitamos o acordo com Bruxelas-Berlim. Tudo visto, o que pagaremos se nos portarmos bem (baixa do nível de vida) será praticamente igual ao que pagaremos se não nos portarmos bem  (perda do nível de vida). Quer isto dizer que o Processo de Decadência Em Curso (PDEC) prosseguirá num caso ou no outro.

O leitor dirá: o preço da virtude e o da esperteza são diferentes pois funcionários públicos e reformados perderão mais do que a população ativa do setor privado. Talvez. Mas nesse caso, a manter-se o regime de democracia representativa, o partido que aplicar as medidas restritivas sabe desde já que perderá as eleições. O leitor reparou que o PSD e o CDS/PP perderão as eleições porque perderam o voto dos funcionários públicos e dos reformados.O que levará um governo sensato e rotativo a uma mais equitativa distribuição de sacrifícios entre a população inativa e a ativa e, nesta, entre os setores público e privado.

O Economista Português sugere que o leitor se preocupe com coisas importantes: inverter o processo de decadência em curso. Com efeito, quer o CDS e o PSD, quer o PS e as suas esquerdas (Bloco e PCP) recusaram pensar a reestruturação da economia e da sociedade portuguesa para sairmos da situação de prébancarrota permanente. As esquerdas orçamentais apenas se preocupam em atenuar um mínimo a fatura dos nossos credores vinda de Bruxelas, sem esmeraram-se para pagarem os credores externos e abandonaram os sonhos antigos de reforma estrutural – reforma estrutural que não se resuma  aos chavões neoliberais, por vezes aliás necessários. Direitas e esquerdas  fogem como o diabo da cruz de pensarem um plano de aumento da produção e apenas querem ser cobradores dos nossos credores  – e os nossos credores aplicam-nos o regime alimentar que o escocês ministrava ao seu cavalo: diminuem-nos periodicamente a ração. É esse o problema decisivo: sem um projeto de regeneração e de energização do nosso país, a nossa moral será: o último a sair que feche a luz. Ninguém se mobilizará enquanto forem iguais o preço da virtude e o do vício económicos .


https://oeconomistaport.wordpress.com/




pedras11

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Re: Portugal falido
« Responder #12333 em: 2016-07-03 21:01:49 »
Ajustamento do saldo primário no período de ajustamento foi de 15 mil milhões
Ajuda ao setor bancário no mesmo período foi de 17 mil milhões

É o burro sou eu

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #12334 em: 2016-07-03 23:37:44 »
Ajustamento do saldo primário no período de ajustamento foi de 15 mil milhões
Ajuda ao setor bancário no mesmo período foi de 17 mil milhões

É o burro sou eu

Não são realidades comparáveis.
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pedferre

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Re: Portugal falido
« Responder #12335 em: 2016-07-04 10:05:07 »
Só falta ir lá de joelhos... agora fazer um orçamento retificativo jamais... :)
Acho que a UE não tem culpa que o Costa tenha ido para o poder com o PCP e BE.
Afinal se não quiser fazer um retificativo em 3 semanas apanha com sanções, mais justo é impossível...

António Costa vai enviar mais uma carta a Jean-Claude Juncker para tentar persuadir o presidente da Comissão Europeia a não impor sanções a Portugal. A missiva ainda não está pronta, mas o seu conteúdo já foi antecipado pelo jornal Público.
Segundo o diário, o primeiro-ministro reconhecerá na carta que em 2015 Portugal furou o tecto dos 3% do PIB de défice (foram 3,2% sem considerar o efeito da resolução do Banif), mas que a aplicação de sanções acarretaria graves consequências para o País. Em causa estão danos reputacionais mas também dificuldades acrescidas de acesso ao crédito no mercado de dívida.
António Costa garantirá também, segundo o Público, que Portugal está a cumprir tudo com o que se comprometeu para este ano, dando como exemplo a execução orçamental, que mostra que, até agora, as contas públicas estão controladas e permitirão chegar ao final do ano com um défice nos 2,2% do PIB.
 
Depois de ter feito um compasso de espera para deixar passar as eleições espanholas, a Comissão Europeia retoma esta terça-feira o procedimento por défices excessivos a Portugal e Espanha mas, segundo a Reuters, da reunião poderá sair um novo adiamento. Diz a agência noticiosa que o colégio de comissários poderá dar mais três semanas aos dois países, para que possam tornar credíveis os seus cenários orçamentais para este ano.
Com o colégio de comissários dividido, entre a linha dura e os que defendem uma interpretação política das regras, caso se confirme este realinhamento da mensagem de Bruxelas, então o ónus das sanções poderá ser colocado quase exclusivamente sobre o Governo liderado por António Costa, e não sobre o Governo anterior. Recorde-se que nas últimas semanas, PS, PSD e CDS têm vindo a sacudir as responsabilidades sobre a eventual aplicação de sanções a Portugal pela violação do procedimento por défices excessivos.

Vanilla-Swap

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Re: Portugal falido
« Responder #12336 em: 2016-07-04 13:10:50 »
outro artigo interessante.

..
A praga da dívida pública: uma comparação entre a Alemanha e Portugal




Recebi por e-mail o texto que segue e que republico dado o inegável interesse do tema…





A praga da dívida pública: uma comparação entre a Alemanha e Portugal                                                Por António Justo

 

Situação na Alemanha

A dívida do estado Alemão é de 1.716.987 milhões de euros. Devido aos juros, a dívida aumenta 4.481 € por segundo. A cada um dos cidadãos alemães corresponde uma dívida de 21.003 €. E isto num estado com uma economia forte!…

O Estado não tem reserva. A poupança do Estado não chega sequer para amortizar os juros.

Na Alemanha, até hoje só o chanceler Konrad Adenauer (1949-57) conseguiu uma reserva de poupança de 4.000 milhões €.

O endividamento da Alemanha ainda merece um certo desconto. O preço da União da Alemanha com as transferências anuais de milhares de milhões de euros da Alemanha ocidental para a Alemanha socialista (antiga DDR) é horrendo. Além disso, segundo as estatísticas, um terço do que os alemães produzem, num ano, são gastos com o estado social (assistência à saúde, desemprego, etc.).

Na Alemanha o governo seguia a regra de que as novas dívidas a fazer de ano para ano não podiam ultrapassar os investimentos que o Estado faz. Tem orientado o endividamento ao crescimento do PIB. Entretanto o Tribunal Constitucional alemão exigiu um travão para o endividamento. Como consequência do travão das dívidas imposto pela Constituição, os Governos terão de cumprir o determinado a partir de 2011, isto é, com o tempo, terão de se safar sem recorrer a créditos. A Alemanha federal terá de reduzir até 2016, as dívidas novas, a um máximo de 0,35% do PIB.

A seguir-se a lógica da prática governativa, até agora, isto significarás que, a longo prazo, os governos aumentarão os impostos para contrabalançarem o travão das dívidas. Em vez disso seria necessário um Estado mais magro e políticos menos gulosos!

Por outro lado a situação mundial é mesmo má: a dívida externa total no mundo é de 98% do PIB mundial. Isto imprime, no comportamento dos países, uma dinâmica de endividamento e de inflação crescente.

Situação em Portugal

A dívida pública do Estado português cresce assustadoramente passando de 125,9 mil milhões € em 2009 para 142,9 mil milhões € em 2010 (isto é, para 85,4% do produto interno bruto).

O endividamento privado da economia portuguesa atingiu 115% do PIB em 2009. As pessoas e empresas privadas endividam-se perante os bancos nacionais e os bancos nacionais endividam-se perante os bancos estrangeiros. As nações dos bancos credores, como no caso da Alemanha, vêem-se obrigadas a apoiar as nações à beira da falência para que estas possam amortizar as dívidas dos seus bancos e assim impedir que a insolvência destes atinjam os seus. Quando as dívidas privadas e do Estado se efectuam na circulação interna do país, a situada não é muito má; o problema surge no momento em que as dívidas são contraídas no estrangeiro. Neste caso vale a lógica da economia privada. Por isso, a comparação entre países com dívidas carece de objectividade linear e conduz ao erro. As dívidas do Estado reprimem os investimentos privados. Segundo se pode verificar no diagrama do NY Times ( http://www.nytimes.com/interactive/2010/05/02/weekinreview/02marsh.html ) os empréstimos/dividas são maioritariamente intra-europeus. O mal está para os países que têm de recorrer a crédito internacional. Para a EU (União Europeia) o problema não é grande porque o proveito fica nela (nos países credores).

No que respeita ao PIB per capita com poder de compra, como refere o DN, numa escala dos países, a média europeia situa-se no índice 100; o Luxemburgo atinge o índice 268, a Alemanha 116, a Grécia 95, Portugal 78 e em situação pior que Portugal temos apenas os 8 países europeus do antigo bloco socialista.

Privadamente os portugueses encontram-se super-endividados tal como o Estado. Os portugueses têm investido em produtos consumistas e o Estado tem seguido uma política aleatória de investimentos em projectos de prestígio não produtivos. As políticas em curso são insuficientes e contra-produtivas porque sobrecarregam o consumidor e as pequenas e médias empresas. Portugal permanece incorrigível e os governos são irresponsáveis e não têm competência para governar um país que apesar da sua posição marginal tem grandes potencialidades que continuarão a ser desaproveitadas.

Na Europa, os impostos directos e indirectos são de tal ordem elevados que, feitas bem as contas, 75% do que uma pessoa ganha fica para o Estado.

De ano para ano os Governos recorrem a empréstimos servindo-se deles para descontar parte dos juros dos créditos anteriores. A montanha das dívidas cresce continuamente sem haver amortização mesmo nos anos das vacas gordas. Combate-se a crise das dívidas com novas dívidas. Já ninguém conta com a possibilidade de as pagar. Um princípio financeiro diz que as dívidas de hoje são os impostos de amanhã. O Estado financia-se através de impostos e de dívidas. O endividamento adia a carga para o futuro devido aos juros e amortizações a saldar.

Em cada orçamento de família as despesas não devem superar as entradas. Os governos contam com a falência fazendo valer uma política partidária apenas interessada em adiar a catástrofe! Para dançarinos do poder o stress da dívida conduz a irracionalidades mas não a insónias.

Uma dona de casa que se comportasse no governo da casa como os governos se comportam com o orçamento do Estado, já há muito estaria sujeita ao escárnio dos vizinhos, não teria fiadores e encontrar-se-ia em apuros com a justiça. Os políticos exploram o estado como se este fosse rico; permitem-se mordomias, carros de serviço de luxo, funções acessórias em conselhos ficais de bancos, de empresas, contribuindo assim para a corrupção das instituições.

Não se preocupam com o futuro dos outros, com o futuro da civilização. A bancarrota e a guerra são as soluções conhecidas do passado. As elites não se preocupam porque sabem que as falências e a guerra são pagas pelos trabalhadores e pelos soldados rasos. Os que provocam as insolvências safam-se a tempo!

O Estado e os seus políticos são esbanjadores vivendo em conivência com os poderosos. Apesar do momento crucial em que nos encontramos dão-se, descaradamente, ao luxo de aumentar os seus ordenados! Poupam naqueles que não se podem defender. Com o tempo não restará ao povo outra opção senão sair para a rua em defesa da justiça e da democracia. Infelizmente a lei da vida parece dar razão aos que fazem uso da violência e da exploração. O Governo português dá o exemplo. Vive da polémica gerando polémica confinando-se a legislação polémica, muitas vezes de carácter ideológico e orientada à cimentação dum espírito de pobreza em que alguns boçais autoritários orientam o destino dum povo obrigado ao fado de sonhar e a emigrar!

O preço da falência dos bancos foi a credibilidade da política, o preço da crise dos estados será a democracia.

pedras11

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Re: Portugal falido
« Responder #12337 em: 2016-07-04 13:20:08 »
Ajustamento do saldo primário no período de ajustamento foi de 15 mil milhões
Ajuda ao setor bancário no mesmo período foi de 17 mil milhões

É o burro sou eu

Não são realidades comparáveis.

Corta-se num lado e mete-se noutro?
Juro que não entendo

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #12338 em: 2016-07-04 13:44:38 »
Ajustamento do saldo primário no período de ajustamento foi de 15 mil milhões
Ajuda ao setor bancário no mesmo período foi de 17 mil milhões

É o burro sou eu

Não são realidades comparáveis.

Corta-se num lado e mete-se noutro?
Juro que não entendo

Um déficit é uma coisa recorrente, um apoio é uma coisa pontual. Além disso parte dos apoios são empréstimos e são pagos de volta. Depois, na ausência de apoios quem perderia seriam os depositantes -- como podes ver, os accionistas esses já foram torrados em todas as situações. Se algum privado beneficia, esse privado conta-se entre:
* Trabalhadores do banco, de baixo a alto.
* Credores do banco (dependendo da resolução, também já vimos credores a torrar).
* Depositantes

Assim sendo, não são simplesmente realidades comparáveis, até o nome "apoio a bancos" é debatível. Mais correcto seria "apoio a trabalhadores bancários e depositantes, e em alguns casos, credores". Mas em todo o caso um déficit de igual montante a um suposto apoio ainda assim seria uma coisa n vezes mais significativa, simplesmente porque o déficit se repete todos os anos.
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Re: Portugal falido
« Responder #12339 em: 2016-07-11 22:18:29 »
Portugal a caminhar para 2º resgate (com sorte) e para PSI (private sector involvement).

http://observador.pt/2016/07/11/barclays-duvida-que-portugal-consiga-evitar-novo-resgate/