Por fim, em tudo isto não se pode esquecer a outra face da moeda, ou seja, o intervalo de sessões em que não são feitos novos máximos (ou mínimos). Esse é um dado importante para tentar construir ou melhorar um método simples mas fiável que siga proveitosamente a tendência de longo prazo!
Ainda que negociar numa perspetiva de longo prazo (anos) possa proporcionar melhores resultados do que o trading de curto prazo (dias), manter uma posição aberta durante muitos meses não é apelativo para a maioria dos traders, até porque no decorrer de um tal trading vão ocorrer fortes variações em ambos os sentidos. Por exemplo, uma estratégia de trend following tende a perder uma parte substancial dos ganhos na parte final quando a tendência inverte, o que pode demorar alguns meses até ser dado o sinal para fecho da posição. Em princípio, isto é inevitável, mas há outras maneiras de aproveitar a tendência de longo prazo, negociando-a em prazos mais curtos de dias ou alguns meses.
O segredo disso está no que citei acima, ou seja, as sessões sem novos máximos ou mínimos. Para melhor o compreender, eis os números referentes às 6587 sessões do S&P500 (cash), desde 1991 até ontem, considerando máximos e mínimos de 52 semanas (252 dias): novos máximos = 671 (10,1%) e novos mínimos = 74 (1,1%). Deste modo, temos novos máximos ou mínimos em 11,2% de todas as sessões, logo 88,8% dos dias não registam máximos ou mínimos. Se considerarmos ainda que, em praticamente 50% dos casos, existem dois (ou mais) máximos ou mínimos consecutivos, então haverá um intervalo de sessões sem máximos ou mínimos ligeiramente inferior a metade do total de sessões (745) com máximos e mínimos de 52 semanas, mais exatamente 367 conjuntos de sessões (desde 1 até 252).
Ora bem, e qual é o significado destes números ou de que forma podem tais dados estatísticos contribuir para a elaboração de uma estratégia de curto/médio prazo que tire partido da tendência de longo prazo, mas evitando estar muitos meses e anos a fio continuamente longo ou curto no mesmo trade?
A resposta é auto-evidente, embora pessoalmente nunca tenha lido nada acerca do que passo a expor, ainda que por certo já seja do conhecimento de alguns participantes neste fórum. De resto, o princípio é sobejamente conhecido, trata-se apenas de entrar nas correções da tendência e sair quando esta se volta a confirmar.
Em termos mais específicos, após cada novo máximo (ou mínimo), compra-se (ou vende-se) a 1ª sessão imediata sem máximos (mínimos) e fecha-se o trade no próximo máximo (mínimo). Muito simples e, sobretudo, muito eficaz. De facto, introduzindo a saída antecipada às 26 semanas (126 sessões), de que falei acima, obtém-se um total de pontos superior ao do trend following similar - 2575 pontos em 367 trades contra 2327 pontos em 14 trades - e estando investido menos sessões (5339 das 6587 ou 81%). Aliás, correndo algum risco adicional, é possível duplicar o nº de trades, numa estratégia mais especulativa que deixarei para outra altura.
O único senão de tudo isto é que, embora a percentagem de trades perdedores seja diminuta (apenas 13 em 367 ou 3,5%), algumas perdas podem ser fortes, ultrapassando os 250 pontos. Em princípio, talvez haja maneira de evitar tais prejuízos, até porque não faço uso de nenhum indicador que possa sinalizar uma possível inversão de tendência. Contudo, é evidente que o ideal para tirar o melhor proveito desta estratégia das sessões "nulas" é negociar logo desde o início uma nova tendência de 52 semanas, a mais recente das quais começou em 08-07-2016 e vai com um ganho de 235 pontos em trend following ou 174 pontos na estratégia de mais curto prazo que acabo de descrever.
Por fim, resta saber se tais resultados serão igualmente válidos para outros índices e ativos, para já vou continuar a focar-me no SPX... e chega!