Olá, Visitante. Por favor entre ou registe-se se ainda não for membro.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
 

Autor Tópico: Grécia - Tópico principal  (Lida 1835492 vezes)

tommy

  • Visitante
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6960 em: 2015-07-04 22:14:15 »
http://www.publico.pt/mundo/noticia/faltam-medicamentos-nas-farmacias-sobram-chaves-na-loja-de-andreas-1701050

Citar
Andreas herdou a loja do pai – mostra uma fotografia dele com uma caixa de madeira e um conjunto de chaves. “Esta é a nossa primeira loja, esta foto foi depois da guerra”, diz. Para ele, preservar a paz e a estabilidade é o mais importante, por isso vai votar ‘sim’. “Com dracma, um dia uma custa 100, no outro 150.”

Incrível como um comerciante de chaves sabe mais de economia que o krugman. Pessoal do nobel já deve estar arrependido.

Citar
O metro e os autocarros deixaram de cobrar bilhetes logo a partir de segunda-feira para facilitar a vida das pessoas. Há quem brinque com a situação. Num muro, uma frase grafitada diz: “Os bancos fecharam e os transportes são grátis, temos comunismo na Grécia.”
« Última modificação: 2015-07-04 22:17:21 por tommy »

JoaoAP

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4778
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6961 em: 2015-07-04 22:17:01 »
Em entrevista ao Expresso, o porta-voz do Syriza, Yiannis Bournous, sublinha que o referendo era a única resposta ao "ultimato insultuoso" feito pela União Europeia à Grécia. O também secretário-geral do partido afirma que "é cedo para dizer" se o Governo se demite em caso de vitória do "Sim".

lol... são todos iguais...

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6963 em: 2015-07-04 22:23:47 »
a grecia neste momento paga muito pouco pela sua divida. paga menos que paises como portugal, italia e espanha. como tal em vez de se estarem a focar numa coisa que de momento nao lhes causa problemas deveriam usar o seu tempo a resolver outros problemas mais prementes. e deveriam ter sobre isto um sentimento de urgencia.

mas nao o fazem. preferem uma batalha que de momento nao faz sentido nenhum. o facto de nao terem as suas prioridades claras prova que sao um pais que prefere nao resolver os seus problemas de forma seria, que nao se quer desenvolver. eh como o estudante que tem sempre desculpas e nunca estuda.

não percebo.
O FMI afirma que a dívida é insustentável.
se o serviço da dívida na grécia é mais barato que em portugal, isso só significa que a nossa dívida é ainda mais insustentável.
idem para espanha e itália.

L

Não, existem questões de timing, montante, etc. A Grega pode ser mais insustentável -- mas é de notar que em % do PIB até começou a descer ligeiramente em 2014 antes do Syriza. Agora, claro, estará novamente a subir.

Mas se a Grécia conseguir um perdão de dívida de mais 100 biliões, então o acumulado nos últimos anos irá para uns 100% do PIB Grego, o que é extraordinário.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6964 em: 2015-07-04 22:24:52 »
Citar
Economistas do Banco Real da Escócia publicaram nesta tarde um gráfico a mostrar o declínio dos depósitos bancários gregos nos últimos cinco anos, em comparação com Itália e Portugal.


https://twitter.com/RBS_Economics/status/616929611415441408/photo/1

E este tipo de gráficos é altamente enganador. Um gráfico melhor seria a queda percentual do topo. Já saíram da Grécia para aí 50% da totalidade dos depósitos.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Zel

  • Visitante
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6965 em: 2015-07-04 23:13:25 »
Em entrevista ao Expresso, o porta-voz do Syriza, Yiannis Bournous, sublinha que o referendo era a única resposta ao "ultimato insultuoso" feito pela União Europeia à Grécia. O também secretário-geral do partido afirma que "é cedo para dizer" se o Governo se demite em caso de vitória do "Sim".

lol... são todos iguais...

cedo? entao se ja prometeram demitir-se, hehe
o que se passa lark?
« Última modificação: 2015-07-04 23:14:33 por Neo-Liberal »

Lark

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4627
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6966 em: 2015-07-04 23:13:47 »
No, Puerto Rico Isn’t Greece

There are obvious parallels between the crisis in Puerto Rico and the disaster in Greece — a poor economy overshadowed by a huge wealthier economy to the north, budget problems, declarations that the debt is unpayable. And I don’t want to minimize the problems and pain in San Juan. But it’s important to understand that the depth of the pain is just not of the same order of magnitude, and not just because Puerto Rico’s banks are secured by a national safety net, although that helps.

I’ve been trying to produce some indicators using the Puerto Rico data, and they’re remarkably unlike Greece.

It’s true that Puerto Rico has achieved an impressive drop in real GNP (people usually use GNP for PR because so much of of GDP is profits accruing to offshore firms). But the drop per working age adult is less, because of large-scale emigration — which is actually supposed to happen when changing economic winds cause a U.S. region to lose competitive advantage. Unemployment is up, but “only” by 4 percentage points. And there doesn’t seem to have been anything comparable to Greece’s collapse in living standards. Greek real consumption per capita has plunged, whereas Puerto Rico’s has actually risen.






What’s supporting that consumption? Some of it surely involves private remittances from Puerto Ricans working on the mainland and sending money home.

But it’s also fiscal federalism: as Puerto Rico’s economy has stumbled, its payments to Washington have dropped while its receipts from federal social insurance programs have risen, so that the island is in effect receiving aid on a scale that would be inconceivable in Europe.



Now, none of this guarantees against bad economic developments, all it does is soften the blow. And there is a downside to high labor mobility (suggesting, for the wonks, that Mundell had it wrong), namely the problem of an emigrating tax base while the recipients of government services stay put. But again, bad as it is, the Puerto Rico story isn’t remotely in Greece’s league.

krugman
« Última modificação: 2015-07-04 23:17:47 por Lark »
Be Kind; Everyone You Meet is Fighting a Battle.
Ian Mclaren
------------------------------
If you have more than you need, build a longer table rather than a taller fence.
l6l803399
-------------------------------------------
So, first of all, let me assert my firm belief that the only thing we have to fear is...fear itself — nameless, unreasoning, unjustified terror which paralyzes needed efforts to convert retreat into advance.
Franklin D. Roosevelt

Lark

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4627
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6967 em: 2015-07-04 23:18:35 »
o importante a reter quando se fala de transferências na UE e nos US é isto:

But it’s also fiscal federalism: as Puerto Rico’s economy has stumbled, its payments to Washington have dropped while its receipts from federal social insurance programs have risen, so that the island is in effect receiving aid on a scale that would be inconceivable in Europe.



L

Be Kind; Everyone You Meet is Fighting a Battle.
Ian Mclaren
------------------------------
If you have more than you need, build a longer table rather than a taller fence.
l6l803399
-------------------------------------------
So, first of all, let me assert my firm belief that the only thing we have to fear is...fear itself — nameless, unreasoning, unjustified terror which paralyzes needed efforts to convert retreat into advance.
Franklin D. Roosevelt

Zel

  • Visitante
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6968 em: 2015-07-04 23:19:43 »
mais vale deixar os gajos sair do dolar e sei la mais do que
aquela ilha nao serve para nada
« Última modificação: 2015-07-04 23:20:26 por Neo-Liberal »

Lark

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4627
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6969 em: 2015-07-04 23:23:18 »
"O 'Sim' está a fazer uma campanha de terror sem precedentes"


Em entrevista ao Expresso, o porta-voz do Syriza, Yiannis Bournous, sublinha que o referendo era a única resposta ao "ultimato insultuoso" feito pela União Europeia à Grécia. O também secretário-geral do partido afirma que "é cedo para dizer" se o Governo se demite em caso de vitória do "Sim".

Em maio, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, sugeriu que a Grécia fizesse um referendo. Na altura, o Governo grego disse que isso estava fora de questão. Porquê fazê-lo agora?

O primeiro-ministro reiterou a nossa vontade de chegar a um acordo, mutuamente aceite e benéfico para as duas partes. Para isso, o Governo iria dar alguns passos atrás relativamente ao nosso programa eleitoral, mas as instituições também teriam de fazer algumas cedências, para nos podermos encontrar a meio caminho. Infelizmente, isso não aconteceu.

Em vez disso, o que aconteceu foi um processo de chantagem financeira e política sobre a Grécia com o objectivo de humilhar o Governo grego ou levá-lo a demitir-se. Por isso, fomos forçados a convocar o referendo. Perante este ultimato insultuoso que as instituições nos fizeram, o povo grego tem o direito de decidir neste momento crítico se concorda ou não com as medidas de austeridade extremas que nos propuseram.

Se o "Não" ganhar, não teme que a União Europeia deixe cair a Grécia, fazendo-a sair do euro?

As instituições europeias, com esta política liberal e autoritária que tem sido exercida, estão a destruir a ideia da Europa. Os países do sul têm resistido a esta política, com o crescimento de forças democráticas progressistas como o Syriza, na Grécia, e o Podemos em Espanha.

Mas também está a crescer uma grande ameaça noutros países, como a senhora Le Pen, em França, ou os movimentos de extrema-direita na Finlândia e na Dinamarca. A questão é saber se a União Europeia está disposta a pôr em causa qualquer espécie de futuro para a Europa.

Por outro lado, a ideia de que as outras economias da zona euro estão protegidas relativamente a um possível default da Grécia é um mito, que caiu na semana passada. Depois de ter sido convocado o referendo, os spreads da dívida de quase todos os países dispararam.

Por isso, Schauble foi forçado, na terça-feira, a dizer a verdade, assegurando que mesmo que o "Não" ganhe, a Grécia não será forçada a sair do euro, porque é preciso proteger o euro de colapsar.

Fora isso, os bancos alemães e franceses, assim como outros bancos estrangeiros que beneficiaram com o empréstimo à Grécia por causa das taxas de juro, estão muito expostos. Se houver um default generalizado e se as instituições continuarem a fazer um ultimato e não aceitarem um acordo, esses bancos iriam ter grandes perdas. Por isso acreditamos que vamos chegar a um entendimento.

No caso de o "Sim" ganhar, o Governo demite-se ou não?

É cedo para dizer isso. O primeiro-ministro disse que o Governo vai obviamente respeitar qualquer resultado, mas depois terá de ver o que vai fazer. Porque o "Sim" significa mais cortes nos salários e pensões, um grande crescimento dos impostos para os agricultores, os pequenos e médios empresários…

Politicamente, não estamos dispostos a deixar isso acontecer. É por isso que tomámos uma posição clara neste referendo, pedindo ao povo grego para votar "Não".

Considera que a aproximação das eleições em Espanha tem influenciado a posição da União Europeia relativamente à Grécia?
É mais do que evidente que sim. A Grécia representa apenas 2% do PIB europeu. É uma economia pequena. As autoridades europeias estão preocupadas com o que vai acontecer em Espanha em novembro.

A Espanha é a quarta maior economia europeia. A vitória de um partido anti-austeridade significaria uma mudança no equilíbrio de poderes a nível europeu. A Europa tem medo de um efeito de dominó e é por isso que fez este ultimato ao Grécia. Querem que o Governo se demita e entregue o país nas mãos dos partidos que destruíram o país nos últimos cinco anos, para transmitir a mensagem ao resto dos europeus de que não há alternativa à austeridade.

A proposta dos credores internacionais que vai ser referendada amanhã já não está em cima da mesa. Que sentido faz referendar uma coisa que já não existe?
Faz todo o sentido porque foi apresentada à Grécia uma proposta oficial em termos de “pegar ou largar”.

Um verdadeiramente ultimato. Foi apresentada oficialmente, pelo que não podem vir dizer, como estão a tentar, que neste momento não há nada em cima da mesa. Mas a convocação do referendo já está a produzir resultados, porque forçou a União Europeia a dizer que a Grécia não vai sair do euro e forçou o FMI, há dois dias, a dizer claramente que a dívida é insustentável e que é preciso fazer uma reestruturação em, pelo menos, 30% para a tornar viável. Por isso, estamos optimistas que um forte voto no "Não" nos permitirá concluir as negociações em termos melhores para o nosso país.

Mas se chegar aí, considera que voltar ao dracma é melhor do que aceitar adicionais medidas de austeridade?
Entendemos desde o início que a forma de responder ao neoliberalismo não deve ser o retorno ao dracma e uma desvalorização da moeda para aumentar as exportações porque o custo dessa desvalorização seria suportado sobretudo pelos trabalhadores e pelos pensionistas. É por isso que não apoiámos a saída da Grécia do euro. Mas a nossa fronteira é a dignidade do povo grego.

O povo está mais dividido do que nunca. Acha que tão cedo voltará a haver união?
Estou muito optimista em relação a isso. Não é o povo grego, no geral, que está dividido. O confronto que está a acontecer neste referendo é, sobretudo, entre 90% da população, que são trabalhadores, pensionistas, agricultores, pequenos e médios empresários e 10% da sociedade, que são os ricos que fizeram parte do sistema que regulou o país nas últimas quatro décadas, com clientelismo, corrupção, abuso de poder e escândalos.

Querem convencer o povo a votar "Sim" através de uma campanha de terror sem precedentes, levada a cabo pelos meios de comunicação social privados. Acredito que, se o "Não" ganhar e conseguirmos um acordo, que será penoso, mas pelo menos abre caminho à reestruturação da dívida e ao crescimento, os apoiantes do sim, que não estão ligados às redes de clientelismo e corrupção, compreenderão por que razão nós insistimos no "Não".

expresso
Be Kind; Everyone You Meet is Fighting a Battle.
Ian Mclaren
------------------------------
If you have more than you need, build a longer table rather than a taller fence.
l6l803399
-------------------------------------------
So, first of all, let me assert my firm belief that the only thing we have to fear is...fear itself — nameless, unreasoning, unjustified terror which paralyzes needed efforts to convert retreat into advance.
Franklin D. Roosevelt

Lark

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4627
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6970 em: 2015-07-04 23:42:12 »
Why anyone who compares Puerto Rico to Greece is wrong

Its economy has been shrinking for years, its debts have been piling up for even longer, and its government has finally admitted that even brutal tax hikes and spending cuts wouldn't be enough for it to pay back everything it owes.

I'm talking, of course, about Puerto Rico. Its governor, Alejandro García Padilla, admitted to the New York Times on Sunday that the island is going to have restructure its $72 billion in debt that is "not payable."

Now, if it sounds like you've been hearing some variation of this story for years now, it's because you have—just about Greece. It also borrowed too much, was forced into self-defeating austerity as a result, and would arguably have been better off using its own currency rather than the one its much bigger neighbors do.

But despite these similarities, there's still a big difference between two.

Greece's banks have had to close due to the panic that their euros might get turned into drachmas that wouldn't be worth anywhere near as much, while Puerto Rico's banks are fine since people know their dollars are going to stay dollars. And this, more than anything else, shows us what it takes to create a well-functioning currency union.

Now, we normally don't think of the U.S. as the "dollar zone" like Europe has the euro zone, but that's really what it is. Cities and states that, economically-speaking, are big enough to have their own currencies share a single one instead—and, more importantly, a single monetary policy, too.

The problem, though, is that different parts of the country have different economic needs. Alabama, for example, might want interest rates to be lower at the same time that Massachusetts wants them higher.

Or Florida might, to come up with a crazy hypothetical, have a housing crash that makes it want to devalue the dollar to regain competitiveness, while the rest of the country doesn't.

So how do we stop one state from getting stuck in a never-ending slump and another in an inflationary spiral? Well, we need some escape valves. The first is making it easy for people to move from where there aren't jobs to where there are.

In practice, that means everyone has to speak the same language and share enough of the same culture that they're willing to do so.

The second is having the federal government provide a safety net—food stamps, unemployment insurance, Social Security, and Medicare—so individual states that are required to balance their budgets won't have to cut this help right when it's needed the most.

And the third is having the federal government guarantee bank deposits, so people know their money is safe no matter how much trouble their state gets into.


But as Puerto Rico shows, even all this isn't enough to make the fundamentals of your economy strong if they're not. What it does do, though, is keep your people's living standards from falling too much. And those would have dropped a good bit more when you consider the fact that Puerto Rico has basically been in a recession since 2006.

That's when a tax break for manufacturers that set up shop on the island went away, and so did all the jobs they brought.
Puerto Rico was soon stuck in a vicious circle where the bad economy made people move to the mainland in search of work, the shrinking population left the government with a shrinking tax base to pay for the same amount of spending, and, after borrowing to cover this up, they eventually had to try to close their budget hole with austerity measures—which only made the economy even worse and made even more people leave. In total, Puerto Rico lost 5.5 percent of its population between 2005 and 2013.

Notice, though, what's missing from this tale of fiscal woe. There haven't been any bank runs in Puerto Rico. Its banks are still open and people can still take out as much money as they want. And there's no question that no matter what happens with the government's debt restructuring—which won't be easy, since, as a U.S. territory and not a city, it can't go through Chapter 9 bankruptcy—that Puerto Ricans' bank deposits are safe.

None of this is true in Greece. The problem is the euro zone doesn't have an equivalent of the FDIC.

Each country is responsible for bailing out its own banks. But this creates a doom loop where weak banks can drag down a weak government or a weak government can drag down weak banks. The latter is what's happened in Greece.

Its government is broke and that's made its banks broke too, since they hold a lot of government-guaranteed assets that might not be worth much anymore. That only leaves two ways to get the banks the money they need: take it from depositors or print it.

But Greece can't print money as long as it's part of the euro—only the ECB can do that—so it'd have to leave the common currency to do this. Then, and only then, could it print all the drachmas it needed to fill the hole in its banks' balance sheets. In either case, though, people would lose a lot of their savings, whether their deposits were directly taxed or indirectly so with devaluation. That's why there's been so much panic in Greece, which, after the ECB refused to help, left Greece's government no choice but to close its banks to save them.

So a poorly designed currency union is really a doomsday device for turning fiscal crises into financial ones. Think about it like this. If Puerto Rico's debt negotiations go badly, the worst that would happen to the dollar zone is that cities and states might have to start paying higher borrowing costs. That's it. Markets wouldn't worry that Puerto Rico might have to ditch the dollar and create a new currency, or that, say, Illinois might either.

The island's debt crisis wouldn't turn into a banking crisis, because the federal government wouldn't let it. But if Greece goes bust, the consequences could be much more catastrophic for the euro zone. Greece really might need to leave the common currency and bring back the drachma if its banks run out of cash—which  is a real possibility given that, according to one report, they're down to their last 500 million euros.

And in spite of the fact that the ECB has put a financial firewall in place that should keep the panic from spreading to other countries, there's a chance it wouldn't work. Even if it did, though, it would still set the precedent that the euro was not, in fact, irreversible—the ECB actually admitted as much—and could start another crisis if and when another anti-austerity party wins power, like in Spain.

In other words, a currency union doesn't work if you're allowed to run out of the currency. How do you do that? Easy: if you can't afford to bail out your banks, and nobody else will either. That's what is happening to Greece now, and it's what could happen to any other euro zone country as long as there's no central bailout fund.

There's supposed to be one starting in 2016 that would help national governments guarantee deposits up to 100,000 euros, but there's still some question about how much firepower it will have then. It's supposed to take ten years for it to get 55 billion euros in funds. So until then, if you have a banking crisis, better hope it's not a big one.

Greece and Puerto Rico both borrowed more than they could pay back, both are stuck in deep recessions, but both aren't at risk of getting forced out of their currency unions. Only Greece is. That's because the euro zone doesn't have a banking union yet, so a debt crisis can morph into a financial crisis and then a currency crisis. The lesson is that if your money isn't safe, then your currency isn't either.

It's why a banking union is the most important part of a currency union. The fact that the euro zone has existed for 16 years and this is only getting fixed now shows you how ill-conceived the common currency was. Europe is trying not to let this crisis go to waste by using it to justify doing what it should have done a long time, but but don't forget how high the cost has been in the meantime.

Greece would love if its debt crisis were just a debt crisis like Puerto Rico's. But it's not. It's an existential one.

wapo
Be Kind; Everyone You Meet is Fighting a Battle.
Ian Mclaren
------------------------------
If you have more than you need, build a longer table rather than a taller fence.
l6l803399
-------------------------------------------
So, first of all, let me assert my firm belief that the only thing we have to fear is...fear itself — nameless, unreasoning, unjustified terror which paralyzes needed efforts to convert retreat into advance.
Franklin D. Roosevelt

Kin2010

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 3989
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6971 em: 2015-07-05 00:51:48 »
E Euro não vai a lado nenhum...

o euro vai a algum lado sim. para o caixote de lixo da história e mais rápido que se pensa

se a grécia, portugal, espanha e itália sairem, fica apenas o núcleo duro da UE e mais uns países pequenos que acharam por bem entrar no EURO.

ora o o EURO, só com o núcleo duro - benelux, frança e alemanha, tenderá a valorizar-se brutalmente. inaceitável para todos e especialmente a alemanha, que verá a suas exportações deixarem de ser competititivas.

só restará à alemanha sair do euro, voltar ao marco e desvalorizar, para manter a competitividade da sua economia.
irónico não é?

L

Não sei se o euro sobreviverá. Mas o sucesso exportador alemão tem muito mais a ver com a qualidade dos produtos e não com o euro. Esse sucesso era muito com o marco. O tipo de economia da Alemanha não ganha muito com moeda fraca, pois também lhes custaria mais a comprar as matérias primas. É o tipo de economia exportadora que se dá bem com moeda forte.

Adicionalmente,  Alemanha entrou a contragosto no euro. A maioria dos alemães não queria. Quem fez pressão para ele foi a França. A Alemanha aceitou, em troca de apoio francês à reunificação  alemã. A Grã-Bretanha tentou bloquear a reunificação alemã e não aderiu ao euro.


JoaoAP

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4778
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6972 em: 2015-07-05 00:53:10 »
É possível que já esteja por aqui, mas não deixa de ser caricato o que eles fizeram a Portugal e agora...
http://observador.pt/2015/02/20/1985-quando-grecia-exigiu-mais-dinheiro-para-aceitar-portugal-na-cee/

Citar
CEE
1985: Quando a Grécia exigiu mais dinheiro para aceitar Portugal na CEE
20/2/2015, 19:193920.283 PARTILHAS
Em março de 1985, Portugal e Espanha negociavam em Bruxelas a adesão à CEE, mas na altura contavam com um opositor de peso: a Grécia. Ibéricos entravam se os gregos recebessem mais fundos.

A manchete do Diário de Lisboa a 28 de Março de 1985 era clara: o acordo estava por um fio

“Gregos mantêm veto contra alargamento”. Era esta a manchete do Diário de Lisboa a 28 de março de 1985, quando Portugal e Espanha discutiam em Bruxelas a entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE), antecessora da União Europeia. Era a Europa dos 10, antes de se tornar o clube dos 12 em 1986. Convencer os gregos, contudo, não foi fácil: o então primeiro-ministro, Andreas Papandreou, exigia mais fundos europeus para a Grécia como moeda de troca para aceitar o alargamento.

Observador


Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6973 em: 2015-07-05 01:00:07 »
Lark, há aí uma imprecisão nesse artigo. O Estado Federal não faria nada para evitar uma crise bancária. A FDIC não faria nada para a evitar. A FDIC simplesmente iria limpar uma tal crise, se ela ocorresse. Os bancos faliriam na mesma.

Idem para a FED se os bancos esgotassem o colateral aceite. A FED só faria algo mais que isso no contexto de uma crise como a de 2008, não o faria numa excepção para um pequeno Estado ou território.
« Última modificação: 2015-07-05 01:03:32 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Lark

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4627
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6974 em: 2015-07-05 01:10:43 »
Lark, há aí uma imprecisão nesse artigo. O Estado Federal não faria nada para evitar uma crise bancária. A FDIC não faria nada para a evitar. A FDIC simplesmente iria limpar uma tal crise, se ela ocorresse. Os bancos faliriam na mesma.

Idem para a FED se os bancos esgotassem o colateral aceite. A FED só faria algo mais que isso no contexto de uma crise como a de 2008, não o faria numa excepção para um pequeno Estado ou território.

acho que leste o artigo muito por alto.
não está lá nada do que estás a insinuar.
não sei o que é que estás dizer que não está correcto no artigo.

é melhor citares e seres mais específico.

L
Be Kind; Everyone You Meet is Fighting a Battle.
Ian Mclaren
------------------------------
If you have more than you need, build a longer table rather than a taller fence.
l6l803399
-------------------------------------------
So, first of all, let me assert my firm belief that the only thing we have to fear is...fear itself — nameless, unreasoning, unjustified terror which paralyzes needed efforts to convert retreat into advance.
Franklin D. Roosevelt

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6975 em: 2015-07-05 01:45:15 »
Lark, há aí uma imprecisão nesse artigo. O Estado Federal não faria nada para evitar uma crise bancária. A FDIC não faria nada para a evitar. A FDIC simplesmente iria limpar uma tal crise, se ela ocorresse. Os bancos faliriam na mesma.

Idem para a FED se os bancos esgotassem o colateral aceite. A FED só faria algo mais que isso no contexto de uma crise como a de 2008, não o faria numa excepção para um pequeno Estado ou território.

acho que leste o artigo muito por alto.
não está lá nada do que estás a insinuar.
não sei o que é que estás dizer que não está correcto no artigo.

é melhor citares e seres mais específico.

L

Está espalhado:

Citar
Each country is responsible for bailing out its own banks. But this creates a doom loop where weak banks can drag down a weak government or a weak government can drag down weak banks. The latter is what's happened in Greece.

Citar
The island's debt crisis wouldn't turn into a banking crisis, because the federal government wouldn't let it.

Citar
In other words, a currency union doesn't work if you're allowed to run out of the currency. How do you do that? Easy: if you can't afford to bail out your banks, and nobody else will either. That's what is happening to Greece now, and it's what could happen to any other euro zone country as long as there's no central bailout fund.

Nos EUA também não existe nenhum fundo de bailout. A FED providencia liquidez enquanto existir colateral de qualidade (a Grécia já o esgotou há muito) mas tipicamente não faz bailouts. 1998 e 2008 foram excepções, não existe uma regra para o fazerem.

E a FDIC fecha bancos, também não faz bailouts, apenas os resolve. Não evita a crise bancária, limpa-a.

Uma crise em Porto Rico poderia, portanto e consoante a profundidade do default e a exposição da banca local, levar a uma crise bancária com vários bancos a serem "resolvidos" pela FDIC devido a isso.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6976 em: 2015-07-05 01:48:50 »
Já agora, isto de Porto Rico não foi nenhuma surpresa. Eu já falava disto e da exposição de alguns bancos, particularmente do OFG, em 6 de Janeiro de 2014. Infelizmente o artigo já só é acessível a subscritores PRO:

OFG Bancorp: Not A Bank In Cyprus But It's Close
http://seekingalpha.com/article/1929811-ofg-bancorp-not-a-bank-in-cyprus-but-its-close


OFG
http://finance.yahoo.com/q?s=OFG&ql=1


--------

Já agora, existiam algumas semelhanças entre Porto Rico e a Grécia, quanto ao pendurar no Estado:

Citar
After all 40% of total Puerto Rican personal income is made up of entitlements and transfer payments as per Forbes, and 27% of the citizens are on food stamps (which are also being reduced in value).


« Última modificação: 2015-07-05 01:52:09 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Lark

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4627
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6977 em: 2015-07-05 01:56:48 »
Lark, há aí uma imprecisão nesse artigo. O Estado Federal não faria nada para evitar uma crise bancária. A FDIC não faria nada para a evitar. A FDIC simplesmente iria limpar uma tal crise, se ela ocorresse. Os bancos faliriam na mesma.

Idem para a FED se os bancos esgotassem o colateral aceite. A FED só faria algo mais que isso no contexto de uma crise como a de 2008, não o faria numa excepção para um pequeno Estado ou território.

acho que leste o artigo muito por alto.
não está lá nada do que estás a insinuar.
não sei o que é que estás dizer que não está correcto no artigo.

é melhor citares e seres mais específico.

L

Está espalhado:

Citar
Each country is responsible for bailing out its own banks. But this creates a doom loop where weak banks can drag down a weak government or a weak government can drag down weak banks. The latter is what's happened in Greece.

Citar
The island's debt crisis wouldn't turn into a banking crisis, because the federal government wouldn't let it.

Citar
In other words, a currency union doesn't work if you're allowed to run out of the currency. How do you do that? Easy: if you can't afford to bail out your banks, and nobody else will either. That's what is happening to Greece now, and it's what could happen to any other euro zone country as long as there's no central bailout fund.

Nos EUA também não existe nenhum fundo de bailout. A FED providencia liquidez enquanto existir colateral de qualidade (a Grécia já o esgotou há muito) mas tipicamente não faz bailouts. 1998 e 2008 foram excepções, não existe uma regra para o fazerem.

E a FDIC fecha bancos, também não faz bailouts, apenas os resolve. Não evita a crise bancária, limpa-a.

Uma crise em Porto Rico poderia, portanto e consoante a profundidade do default e a exposição da banca local, levar a uma crise bancária com vários bancos a serem "resolvidos" pela FDIC devido a isso.

tudo certo.

os depositantes é que nunca ficariam pendurados, ao contrário do bail-in de chipre e do falado (para assustar) bail-in grego.
é isso que está no artigo.

quando não houve compradores, o tesouro através do TARP - NÃO a FED - fez o bailout dos bancos comerciais. os outros (morgan-satnley, bear stearns) foram impingidos a diversos bancos maiores_ BofA, JPM etc.
apenas de um foi feito exemplo. a lehman. e foi um erro.
e não era banco comercial.

em nenhum altura, no auge da crise, os bancos comerciais estiveram fechados.
tinha a FED para fornecer liquidez e o tesouro para o bail-out.

achoq que a comparação está óptima e que é um artigo de muito valor que de uma vez por todas descreve o que se passa nos  EUA e na zona euro.
descreve notavelmente as diferenças.

L







Be Kind; Everyone You Meet is Fighting a Battle.
Ian Mclaren
------------------------------
If you have more than you need, build a longer table rather than a taller fence.
l6l803399
-------------------------------------------
So, first of all, let me assert my firm belief that the only thing we have to fear is...fear itself — nameless, unreasoning, unjustified terror which paralyzes needed efforts to convert retreat into advance.
Franklin D. Roosevelt

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6978 em: 2015-07-05 02:15:55 »
A crise de 2008 foi uma excepção. Se for só um Estado ou território pequeno, se forem só bancos médios ou pequenos, não há bailout para malucos.

Sim, há certamente diferenças, já tinhamos falado delas antes.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

tommy

  • Visitante
Re: Grécia - Tópico principal
« Responder #6979 em: 2015-07-05 08:46:55 »
Há diferenças:

- grecia nunca quis negociar nada e andou a fazer perder o tempo todo durante 6 (SEIS) meses;

- grecia ao contrário dos US/PortoRico/etc. não quer resolver problemas; quer continuar a pedir emprestado e a não pagar;

- grecia quer continuar a viver acima das possibilidades, à custa de todos, incluindo dos mais fracos.

Logo naturalmente tem de ser tratada de maneira diferente.
E muito bem.

---

Citar
Gregos orgulhosos e totalitários
por MIGUEL ANGEL BELLOSO03 julho 2015

Em fevereiro passado, pouco depois de o Syriza ter ganho as eleições na Grécia, a Actualidad Económica, a revista que dirijo, dedicou a capa a responder à seguinte pergunta: pode a esquerda radical governar na Europa? Os acontecimentos que se têm vindo a suceder desde então vieram confirmar a resposta: não. A maioria dos peritos consultados considerava incompatível a pertença ao euro de um Estado que ano após ano redistribui através do seu orçamento quantidades imensas de recursos que é incapaz de arrecadar com impostos, que é inflexível no que respeita à baixa dos salários evitando a concorrência interna e que se propõe como objetivo manter um nível de rendimento muito acima do que a sua produtividade permite. Também advertíamos sobre o erro que seria os responsáveis da UE enfrentarem o problema criado por Tsipras com a estratégia do apaziguamento, ao estilo de Chamberlain com Hitler. Parecia-nos que o programa do Syriza para reverter os ajustamentos impostos pela troika, razão pela qual a economia grega tinha começado a crescer no ano passado, levaria a um malograr das expectativas induzindo de novo a recessão - como aconteceu - e que, por isso, convinha que o governo de Atenas o soubesse quanto antes.

Meio ano depois, todos estes maus presságios se cumpriram. Perdeu-se um tempo precioso, durante o qual a sociedade grega continuou a empobrecer. A UE viveu numa instabilidade permanente e estamos, neste mo-mento, como no ponto de partida. As chamadas à responsabilidade para evitar a confrontação e a ênfase na negociação e no diálogo com o Syriza fracassaram estrondosamente. Tem a União Europeia alguma responsabilidade no desastre? A minha opinião é que, ainda que pequena, tem-na. A troika demonstrou uma grande flexibilidade com a Grécia rebaixando sucessivamente os objetivos de superavit primário e de subida dos impostos, assim como a sua pretensão sobre a reforma do sistema de pensões. Mas a sua aproximação ao problema foi exclusivamente de carácter fiscal, a fim de assegurar rendimentos que permitissem restruturar satisfatoriamente a dívida e continuar a pagar aos credores. Não sinto nenhuma simpatia por Varoufakis, mas não lhe falta razão quando diz que uma subida dos impostos aprofundaria ainda mais a recessão. A Grécia precisa de criar as condições certas para gerar crescimento e isso só se consegue com reformas estruturais. O problema é que o Syriza também não está disposto a levá-las avante.

Com uma burocracia enorme, opaca e clientelar, um sistema judicial ineficiente e corrupto e uma regulação dos mercados ao serviço dos grupos de interesses que apoiam as diferentes forças políticas - da esquerda à direita -, nenhum resgate seria capaz de evitar a falência do país salvo se fosse permanente. No último relatório do Banco Mundial, "Doing Business in the World" (Fazer Negócios no Mundo), a Grécia situa-se no ranking global ao lado da Tunísia. No que se refere ao cumprimento dos contratos ocupa o lugar 155, logo atrás do Malawi; na sua capacidade de arrecadação de impostos está ao nível das ilhas Salomão; na proteção dos direitos de propriedade alinha com Marrocos... e nos trâmites para criar uma empresa compete com o Togo. A marca institucional do Estado helénico tem as características da de um Estado subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento.

Por isso, em lugar de pôr a ênfase nos aspetos estritamente fiscais, a troika deveria ter concentrado as suas exigências no modernizar da economia grega, em flexibilizar as regras laborais, restaurar a confiança jurídica e construir umas instituições independentes e respeitáveis. Mas teria este enfoque alternativo mudado a situação em que nos encontramos? Infelizmente também não. A explicação é que, pela primeira vez na história da UE, quem está à frente de um dos seus membros é, mais do que um governo de esquerda, um leninista rendido ao populismo. É uma experiência inédita para a qual uma união presidida desde sempre pela lógica e pelo pragmatismo não estava preparada.

Tsipras convocou um referendo "porque não aceitamos desistir; por nós, pelas gerações futuras, pela história dos gregos, pela soberania e pela dignidade do nosso povo". O pretexto que o populismo utiliza para ganhar adeptos é a vontade popular, revestida pelos princípios da democracia e da soberania. Até o filósofo alemão Habermas disse esta estupidez: "São os cidadãos, não os credores, quem deve decidir o futuro da UE." Mas o que estes aprendizes de feiticeiros ignoram é que a vontade popular tem sempre como limite a daquelas outras sociedades às quais afeta. Os cidadãos da Grécia podem decidir democraticamente deixar de pagar a dívida. O que não podem é obrigar outros países a continuar a emprestar-lhes o dinheiro de que necessitam para continuarem a viver à sua custa. A soberania popular acaba quando invade e cerceia a de outros países implicados na sustentação da nação que a exibe como argumento e escudo. Uma sociedade em que a despesa pública excede os rendimentos imprescindíveis para a suportar só tem futuro se os outros lhe confiarem os recursos necessários. Se assim for, o que não é o caso grego, pode prescindir temporariamente dos ajustamentos necessários. Também poderia, como propõe Tsipras, negar-se a aceitar as condições que lhe exigem os credores. O que é impossível é decidir ambas as coisas ao mesmo tempo, que é o que pretende Tsipras.

O populismo também se caracteriza por um temor religioso ao mercado. Mas, contrariamente ao que pensa o comum da esquerda, os mercados somos todos nós. As famílias que decidem todos os dias o quê, quanto e onde comprar e as empresas que decidem diariamente o quê, quanto e onde produzir. O que faz o mercado é conciliar as possibilidades de gastos de uma sociedade com a sua capacidade de produção. Estabelece a disciplina imprescindível para poder viver. Este exercício diário de democracia, que não exige depositar o voto na urna, é inaceitável para os populistas, que desconfiam do seu indecifrável funcionamento - impossível de controlar - e que jogam outra cartada: aproveitar a oportunidade para beneficiarem do mal-estar social, manipulando os sentimentos das pessoas, a fim de conseguirem o poder necessário para levarem a cabo o seu programa totalitário. Não sabemos ainda o que trarão os próximos dias nem como evoluirá a tragédia grega. O que está fora de dúvida é que quem menos confia no país são os seus próprios cidadãos, que estão há dias a fazer filas nos bancos e que, desde que os radicais estão no governo, expatriaram milhares de milhões de euros. Se isto servir como vacina contra os populismos que despertaram noutros lugares, e especialmente em Espanha, a experiência grega terá valido a pena.

A UE não só não desaparecerá como também acabará fortalecida.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4659131&seccao=Miguel%20Angel%20Belloso&page=-1

« Última modificação: 2015-07-05 09:38:46 por tommy »