O filho perdido (Lucas 15: 11-32)
Um homem tinha dois filhos. (...) o filho mais novo reuniu tudo o que tinha e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente. Depois de ter gasto tudo, (...) ele começou a passar necessidades. (...) e voltou para o seu pai. Seu pai viu-o e, cheio de compaixão, correu para o filho e abraçou-o, dizendo: tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. (...) Vamos fazer uma festa e alegrar-nos. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado. E começaram a festejar o seu regresso.
Enquanto isso, o filho mais velho (...) ouviu a música e a dança, encheu-se de ira e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele. Mas ele respondeu ao seu pai: Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. (..) Mas quando volta para casa esse teu filho, que esbanjou os teus bens (...) [fazes-lhe uma festa]. Disse o pai: Meu filho, (...) tínhamos que celebrar a volta deste seu irmão e alegrar-nos, porque ele estava morto e voltou à vida, estava perdido e encontrou-se.
É interessante mas não um paralelo para a situação actual, já que a Grécia não obstante toda a festa é mais rica que vários países Europeus incluindo Portugal, e mantém 1/4 da população reformada com pensões bem superiores às Portuguesas, ou seja, ainda vive irresponsavelmente.
Sim, terá de haver um
mea culpa por parte da Grécia, terá de arrepiar caminho. Só que isto não se tem discutido, insiste-se sempre no eterno castigo. É preciso também olhar para além das médias e dos números, e ter a tal compaixão (dor que nos causa o mal alheio) para com a classe média destruída que frequenta a sopa dos pobres em Atenas. Não cai bem haver europeus que se alegram com o rebentamento da Grécia a troco de um egoísmo mesquinho de ir lá passar férias baratas ou comprar empresas gregas a metade do valor.
O povo grego desde o início da crise está a precisar de ajuda para resolver estes problemas de desgoverno, e curiosamente isso nunca foi o foco da discussão nem da ajuda, embora tenha sido e continue a ser obrigação da UE fazê-lo, pois admitiu-a na zona euro, faz parte do núcleo mais restrito da União. Mesmo tendo conhecimento de todos estes problemas de corrupção generalizada, oligarquias, fuga a impostos e pensões elevadas. Talvez por isso é que agora não há coragem para se discutir isso frontalmente, porque iriam vir ao de cima os verdadeiros argumentos que motivaram a aceitação da Grécia na UE e no euro. E isso não interessa discutir.
O FMI lá tentou fazer o seu papel, mas nunca deveria ter sido chamado a intervir nesta crise europeia, porque não é da sua ajuda que a UE precisa. O FMI para o bem ou para o mal é para resgatar países isolados, não inseridos numa União. E assim poderia poupar-se a sra. Lagarde ao titulo de "libelinha emproada". Salta à vista de qualquer observador minimamente atento que a sra. anda ali a mais, particularmente quando vetou um acordo já estabelecido entre os gregos e as instituições, como agora se diz.